sábado, 19 de fevereiro de 2011

A VOLTA DO BISPO PRETO



Saimov e Mauricin se enfrentaram na tarde de sábado (19) no costumeiro banquinho do xadrez. Saimov (brancas) iniciou com uma abertura do P4D E P4BD, que logo lhe deu hegemonia no seu flanco esquerdo do tabuleiro.
Mauricin propôs várias trocas, mesmo não tendo vantagem material alguma. Ele deve ter lido pelas metades a Teoria da Simplificação de Capablanca.
Após os deboches iniciais ele logo se viu em um dilema. Saimov fez uma ameaça dupla a sua torre e ao bispo preto. Matutou, coçou o bigode...Pasmem, sacrificou o bispo preto...O suspiro final do bispo anunciou o colapso das pretas.
Tentando reverter o abalo psicológico pela perda de seu clérigo, Mauricin entrou em uma espécie de transe religioso. Desenvolveu uma fé patológica na volta do bispo preto. Tal qual Dom Sebastião, vislumbrou seu “bispo messias” voltando ao tabuleiro prometido para resgatar as negras do massacre iminente.
Não voltou, pelo contrário. Seus últimos peões foram fazer companhia ao bispo no descanso eterno. As imagens dispensam mais palavras. 


                                Só então ele desistiu de se debater
                        As viúvas de Mauricin choram. Ou seriam seus bispos pretos?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

                          
COOPERATIVA POÉTICA S/A

Esses serão versos socialistas.
O primeiro, dos poemas coletivos.
- Não a arte privada!
- Poetas do mundo, uni-vos!

Aqui não há “mais-valinhas”.
São todos poetas proprietários.
Cada qual usando oito linhas...
São poetas-operários.

Camões será superado.
Esquecidas Ilíada e Odisséia....
Quando transcrevermos O Capital,
Em forma de epopéia.

Eis o primeiro manifesto,
Da primeira Internacional Literária.
- Todo poder ao soviet dos poetas!
- Nasce aqui a arte libertária.

Já passam de dez linhas,
Trilhei só penoso caminho.
Mas em nome da eficiência produtiva,
Serei poeta socialista sozinho.


Saymon de Oliveira Justo


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Poder, silogismo.

O Poder consegue muito manipulando e explorando o medo e os sentimentos humanos.O poder governamental, político e hierárquico. O poder da mídia. O poder patriarcal e matriarcal... O poder da religião, o poder da chefia, da maioria... O poder dos mais jovens, o poder dos anciãos. O poder masculino, o poder feminino. O poder do inesperado, do mistério e do ignorado.  O poder dos ricos, o poder dos belos, o poder dos sábios, o poder dos fortes. O poder dos que não tem poder, o poder dos que não tem medo... Qual deles é o poder mais temível? Há que se temer algo? Maior poder é não temer o Poder? Mais poder e menos medo têm, quem não teme o poder; pois mais poder e menos medo têm quem, do poder, não é refém¹.


Nota (¹): Ver, como exemplo clássico, a tragédia de Sófocles: "Antígona".

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Linguagens, características, aspectos, representações e especulações.


   O indivíduo, desde a infância, é cercado e nutrido por diversos sistemas lingüísticos, de amplitude expandida, e por dialetos sociais¹, que revelam a origem, pertença ou experiência social do sujeito.  O “jargão” individual não se opõe à língua natal do mesmo. É uma recombinação grupal, profissional ou pessoal de signos. Os ambientes sonoros freqüentados pelo individuo podem ser rastreados pelo sotaque, pelas gírias, pelo jargão e dialetos vocalizados por ele. A experiência vivida em ambientes sonoros diversos ‘ressurgem’ na linguagem cotidiana do individuo.  As gírias e jargões de um internato, de um orfanato, da escola, do lar, do meio rural, das diversas unidades militares, dos grupos adolescentes, das gangs, das quadrilhas, dos escritórios especializados dos despachantes, dos advogados, dos corretores, dos agiotas, dos editores, dos escritores, dos pesquisadores, ou das múltiplas firmas, indústrias e departamentos comerciais, dos portos, dos prostíbulos, dos laboratórios, das academias, das favelas, dos subúrbios, das cadeias e presídios, dos campos de concentração, dos salões, dos fóruns, dos sets de filmagem, do teatro, dos conservatórios, dos seminários, ordens e monastérios, dos mosteiros, igrejas e templos, somente para exemplificar, ‘reaparecem ’ no linguajar das pessoas quando em ambientes diferentes.
  Quanto maior o número de ambientes vivenciados pelo individuo, é provável que maior sejam seus recursos terminológicos e vocabulares. Se somado a esse repertório verbal o individuo for eloqüente, criativo, loquaz ou fluente; mais rico será seu discurso.
   Entretanto, o homem não será capaz de “figurar” jargões adequados para representar fenômenos macro-cósmicos, pré-cósmicos e micro-cósmicos sem a ajuda da linguagem matemática e lógica. Caso haja uma matemática adequada a estas dimensões, ou caso a matemática ordinária dê conta de representar o que for conceitualizado acerca destas dimensões, é possível que venha “dela” as melhores explicações dos “por quê”, dos “como”, dos “onde”, dos "quando", dos "quanto" e dos “para que”, que estamos sempre a interrogar. Já o  universo pessoal, “intra-cósmico”, é exteriorizado em forma de linguagem ou discurso razoavelmente   compreensível pela comunidade ouvinte circundante.O homem só representa, figura e simboliza aquilo que vê, ouve, toca, sente ou imagina. Os mundos anteriores, exteriores e “posteriores” ao “nosso”, são inacessíveis em sua caracterização correta pelo homem comum. Imagina-se que existam, mas são impalpáveis pela linguagem.
   Talvez a consciência, o raciocínio, a imaginação, os sonhos e o próprio “eu”, sejam apenas produtos da atividade cerebral. Enquanto há atividade cerebral, há vida consciente, ou inconsciente em alguns casos. Mas quando cessa a atividade neuronal, cessam suas complexas produções. Um cérebro falecido, como o demonstra os eletroencefalogramas confirmatórios de ‘morte cerebral’, não acusa atividade elétrica dos neurônios, e esta inatividade neural representa-se no estado de “óbito” do indivíduo. Cessam a produção cerebral de imagens internas (acredita-se), e de respostas a estímulos externos, e em seguida sobrevém o estado tão cercado de tabus, a “morte”. Mas a suposta falência de uma fábrica cerebral, e a paralisação aparente de sua produção, confirmariam a extinção total da individualidade? Ou apenas não somos capazes de dimensionar, medir, qualificar, adjetivar e “representar”, em nossa linguagem habitual, uma atividade ou comunicação² muito mais sutil do que estamos aptos, comumente, a lidar?

Notas: (¹) Ver: Dubois, J. et al. Dicionário de Linguística:São Paulo, Cultrix, 2004, p 184.
          (²) Ver: Katz, C.S. et al. Dicionário de Comunicação: Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1975.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O que aconteceu com o dedo de “Luquinha vôo cego”?

A)    Luquinha tomou o bispo preto do Mauricin, que apelou e mordeu o dedo do garoto.
B)      Ele se cortou de propósito e agora vai fazer um curso no SENAI para tentar virar presidente.
C)    Ficou escorando a cabeça no dedo enquanto assistia a interminável partida do Pedrinho Tortoise”.
D)    Teve uma LME (Lesão por Masturbação Excessiva).
E)     Não respondo a esse tipo de brincadeira de mau gosto. Isso é bulling e pode traumatizar a criança.
F)     O garoto é desastrado mesmo. Nada mais que isso.

Responda a enquête e concorra a uma folha de caderno autografada pelas capivaras do banquinho do xadrez e aos restos da faixa de "Luquinha vôo cego". Crie também suas próprias alternativas.

By: Saimov Kasparov

Mundo?

O mundo é o que não esta nos livros; é o que não foi pensado, é o que não foi descrito, é o que não foi dito e nem observado.
O mundo é incognoscível. Ele não é passível de "compreensão", apenas de "representação".
O mundo é o que não foi vivenciado; é o que não foi experimentado.
O mundo é o que não nos foi dado conhecer.
O mundo não é isso, e também não é aquilo; não é deste nem daquele jeito.
O mundo não é tudo; e tampouco o mundo é nada; o mundo não está cheio, e nem assaz vazio.
O mundo não é o berço, não é a casa e nem a mansão; não é o caixão, não é a prisão, nem a pensão ou a salvação.
O mundo não é vasto e não é ínfimo. O mundo não é mensurável nem explicável.
O mundo é o que não esta nas leis; é o que não consta nos tratados; é o que não entendeu o sábio.
O mundo é o que não esta lá fora; é o que não esta aqui dentro. O mundo é o que não tem lugar em nosso saber.
O mundo é inédito e desconhecido. Ele está a uma eternidade de nossa percepção, a uma infinita distância de nossa ciência. 
Como pode? Tudo o que existe ser finito, enquanto todo o inexistente ser infinito?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

SAIMOV (BRANCAS) DERROTADO POR MAURICINHO KARAMAZOV


APÓS UMA ABERTURA DIGNA DE UM AUSTRALOPITHECUS, SAIMOV PERDE A DAMA LOGO NO INÍCIO...O RESTO DO JOGO, FOI SÓ ESPERAR A GUILHOTINA...FINALMENTE MAURICINHO GANHOU. OLHA O SORRISO DA CRIANÇA.

TOZINSKY VENCE MAURICINHO KARAMAZOV

Não se enganem os desavisados. O sorriso do amigo Mauricín "Delfos"¹ Karamazov esconde um profundo e amargo pesar! Na noite de 07/02/11, Mauricín Karamazov foi derrotado pelo "brilhantismo" de Dud's Tozinsky. A abertura foi o conhecido 'gambito' do peão do bispo da dama. Karamazov obteve uma vantagem posicional logo após a caracterização da abertura, ameaçando capturar o importante e mal protegido peão do Cavalo da Dama das brancas. O perverso colocou três peças atacando o infeliz peão, enquanto Tozinsky  adiantava seus próprios peões e peças médias em direção ao Rei Preto já rocado. Ao introduzir um peão na sexta fileira, logo acima do Rei Preto e sem possibilidades de ataque sobre ele, Tozinsky sentiu confiança para sacrificar algumas peças em troca de melhoramento posicional. O camarada Karamazov já estava babando de vontade de xequematar, e não se fez de rogado ao tomar um cavalo oferecido em sacrifício!   Esse foi seu o erro final e fatal, pois afastou ainda mais sua rainha da proteção do Rei Negro! Tozinsky então ganhou mais um tempo para alinhar sua dama na coluna já ocupada por sua torre, na sétima fileira. Karamazov, apavorado, alocou sua torre da oitava para a  sétima fileira, a fim de defender-se do cheque iminente. Mas não contava com a transferência da Torre Branca para a coluna da Torre do Rei Negro, o que o levou, após um cheque, a perder sua Torre do outro lado do tabuleiro, a mesma que ele tinha acabado de realocar para a sétima! A partir daí, seu inexorável raciocínio foi acometido por algum tipo senil, afetado e desastrado de vertigem, e ele cometeu o lapso de "entregar" a Rainha em uma retirada descoberta de seu Bispo Branco que a protegia da Rainha Branca. O descuido foi tão absurdo que, perdoado pelo benevolente Dud’s, permitiu-se a volta da Dama Preta ao jogo. O irregular artifício, contudo, não se mostrou favorável às negras! Após um movimento desesperado com vistas a abrir "rotas de fuga” para o Rei Negro, Mauricín "Delfos" Karamazov levou mate em dois lances! Na foto abaixo ele sorri com seu "braço direito", o Bispo Preto, “amputado” no início do jogo. Este foi o motivo atribuído pelo amigo Karamazov para sua derrota. A derrota é injustificável; mas a desculpa é livre e optativa!! Mantendo o bom humor, M. Karamazov mostra que é o melhor perdedor do Banquinho do Xadrez, já que leva tudo na esportiva, sempre atribuindo suas derrotas a seus próprios lapsos enxadrísticos..., e nunca aos méritos dos adversários!
 Típico! 
Nota¹: Delfos foi um santuário oracular consagrado a Apolo, edificação muito antiga, localizada no cimo de uma escarpa rochosa e em frente a um sombrio abismo, a sudoeste do monte Parnassos, Grécia. No templo estavam escritas "as sete máximas dos sábios". Dentre elas vale lembrar: "Conheça-te a ti mesmo"; e "Nada em excesso". Eu acrescentaria: "Nada de ti mesmo em excesso Mauricín!"

SAIMOV (NEGRAS) VENCE MAURÍLIO KARAMAZOV

A IMAGEM DISPENSA COMENTÁRIOS

sábado, 5 de fevereiro de 2011

O indivíduo e a História

Munich, 1923

Após tentativa frustrada de golpe de Estado, membros do Partido Nacional Socialista foram cercados pela polícia. Houve intensa troca de tiros e os golpistas foram presos ou dispersos. O lider do partido, Adolf Hitler, foi morto com um tiro na cabeça.

Se tal notícia fosse verdadeira, o que tera mudado no século XX?

O Partido Nazista teria se reerguido?
Teria a conotação antí-semita que teve?
As clausulas de Versalhes teriam desencadeado a Segunda Guerra?
Se sim, os alemães teriam aberto uma segunda frente com a URSS?
Os alemães teriam banido cientistas judeus?
Os alemães poderiam ter desenvolvido a bomba atômica antes dos americanos? E a jogado sobre Londres ou Moscou, por exemplo?
Enfim, o "indivíduo" Adolf Hitler foi determinante para o desenrolar dos acontecimentos na primeira metade do século XX? Ou foi apenas a ferramenta de que se serviu a História para realizar seus desígnios?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Poesia desolada.


Essa poesia vale nada! Não é funcional! Serve tanto ao Bem quanto ao Mal.

Sem integridade nem versatilidade. Sua pobreza temática é gritante, e tampouco a socorre sua rima consoante. É filha órfã do Caos[1] e da Relatividade[2].

Essa poesia é imprestável! Nada nela é reciclável. Não inspira sentimentos nobres nem repugnância. É insípida, não gera rendimentos. É politicamente reprovável.

Essa poesia é indigerível, nociva e desaconselhável. Seus versos são intragáveis, sua aura é irrespirável. Sua sintaxe, imperdoável.

Essa poesia carece de poética! Não tem substância ou quintessência, e nem qualidade estética. Não agrada a gregos nem troianos. É impura, rude e agreste. Paródia grotesca de  obra burlesca.

Essa poesia é indecente! Não tem mensagem nem sentido subjacente. Sem germe lírico ou elegíaco. Seu estilo é maníaco. Será enterrada como indigente.

Essa poesia é perda de tempo! Não serve de pão nem de brioche. É fruto bichado de ofensivo deboche. Não pronuncia manifestos nem protestos. Nada mais é que um Frankstein de restos.

Essa poesia é o que dela se disser! Feia, deselegante e prostituída, acolhe submissa os insultos de seus detratores.
Seu niilismo é condenável, sua franqueza é malsã. Nela não há inspiração ou motivação. Sua essência é sua própria negação, ou também não...

Essa poesia é apelativa, é aberração e desvio, desvario censurável de uma mente esfacelada. Texto cético e descrente, emanação típica do desolado tempo presente.

Essa poesia é mesquinha e egoísta. Ela é uma casa sem janelas. Dela não se olha para fora.
Sua inflexão é agressiva e odiosa. Nula é sua contribuição, zero é seu legado. Só se desdobra em autocomiseração.

Essa poesia é pro lixo e pro esquecimento, antes que cause mais nojo e constrangimento.
Nem se comenta os remates insossos. Seu conformismo é seu único trunfo. Como o de Hitler foi o auto-extermínio, antecipando-se a chegada dos russos.
                                                                                                            




[1] Teoria do Caos. Ver: Mlodinow, L. O Andar do Bêbado. Como o acaso determina nossas vidas. Jorge Zahar Editor: R.J, 2008.
[2]  Teoria da Relatividade Geral de Einstein.Ver: Bodanis, D. E=MC². Ediouro:R.J, 2001.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Universe’s drop! Please?!



A gota crucial, a que transborda a taça, é derradeira.

A gota primeira, que prenuncia a tormenta, é diluvial.
A gota de tinta, na pena de Isabel, aboliu o cativeiro
A gota de lágrima, do artefato robótico, é acrílica.
A gota crítica, que inundou nosso Cosmo, é divinal. 
A gota mortal, da hemorragia que exauri o corpo, é fatídica.
A gota úrica, que devasta o organismo, é metabólica.
A gota fecundante, da seiva espermática, carrega o gameta.
A gota agreste, improdutiva e estéril, é a que molha o nordeste.
A gota de ácido, alucinógeno lisérgico, surta o esquizofrênico.
A gota centrífuga, que brotou da Supernova, formou nosso planeta.
A gota de curare, no dardo da zarabatana, inativa o plexo frênico.