segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O que ocorre então?


O que ocorre, frequentemente, é o fenômeno de olhar sem ver, ouvir e não escutar, entender e não compreender, tocar e não sentir, falar sem dizer, receber sem merecer.



















Fazer sem criar, criar sem originar, gerir sem ordenar, produzir e não partilhar, perceber e não atentar.

É o fenômeno de esquecer sem perder a lembrança, de lembrar sem trazer à memória. De escolher sem preferir, amar sem prezar, prezar sem amar, crer sem acreditar.








Pressagiar e não vigiar, experimentar sem viciar, ensinar sem aprender, julgar sem ponderar, imaginar-se sem reconhecer-se, estranhar-se sem aniquilar-se, sofrer e não tolerar, padecer e não suportar, carregar e não aguentar.

Vitimar e não admitir, consentir sem concordar, reprimir-se sem conter-se, gostar sem confessar, adorar sem se prostrar, dedicar sem apreciar, praticar sem persistir.

Agir sem atuar, encantar sem mitificar, enfeitiçar sem mistificar, dominar sem subjugar, seduzir sem fascinar, adulterar sem atraiçoar, flagrar sem delatar, incentivar sem exasperar.

Perdoar e não absolver, perder-se sem desencaminhar-se, perder sem lamentar, vencer sem tripudiar, protestar sem promover, armar sem municiar, conceber sem edificar.

Engajar-se sem empenhar-se, inventar sem engendrar, submeter sem ajudar, conspirar sem planejar, inebriar sem embriagar, consumir e não saciar, instilar sem envenenar, convencer sem converter.

Instruir sem saber, saber sem transmitir, explicar sem esclarecer, escapar sem auxiliar, ignorar sem investigar, desprezar sem testemunhar, testemunhar sem jurar, exorcizar sem esconjurar.

Desleitar sem desmamar, desmaiar sem descorar, detestar sem conhecer, desintoxicar sem desenlouquecer, penetrar sem adentrar, sair sem partir.

Esclarecer-se sem desiludir-se, vangloriar-se sem comparar-se, esforçar-se sem concentrar-se, consertar sem danificar.

Guerrear sem combater, combater sem exterminar, equacionar sem solucionar, conquistar sem conservar, resignar sem sucumbir, adoecer sem cuidar, pacificar sem apaziguar, disputar sem trapacear.

Dessacralizar sem profanar, sacralizar sem fanatizar, inspirar sem expirar, expirar sem respirar, exumar sem desenterrar, poematizar sem agradar, transcender sem ascender, encarnar sem viver, morrer sem o saber...













quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SAIMOV VS MAURICIM

Confesso! Minha criatividade para comentar as vitórias sobre o Mauricinho acabou. O estoque de besteiras está praticamente a zero. A única analogia que encontrei para explicar o que aconteceu na noite de hoje com o bigode mais famoso da praça , no octógono do xadrez, me veio por conta de um comentário do Rafinha sobre o programa do Chaves.
Realmente o final da partida entre Saimov e Mauricinho se assemelhavam à algo como o Anderson Silva finalizando o Chapolim Colorado. As anteninhas de viníl do Mauricinho não detectaram o perigo. FINALIZADO!
Saimov vence!

                                   
Saimov

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

TEORIA DA PROBABILIDADE CONDICIONAL

O pastor Thomas Bayes nasceu em 1701 na cidade de Londres e desenvolveu uma teoria denominada “Teoria de Probabilidade Condicional”. A teoria de Bayes trata da probabilidade de um determinado acontecimento não encerrado nele mesmo, mas sim diante de um “se”, ou seja, a probabilidade de algo acontecer “se” outro evento ocorrer. Dessa forma, a teoria revela probabilidades bastante distantes do senso comum.
A probabilidade, por exemplo, de que uma pessoa escolhida aleatoriamente tenha problemas psiquiátricos, é baixa. A probabilidade de uma pessoa escolhida aleatoriamente acreditar que sua esposa consegue ler sua mente, também é baixa. Porém, a probabilidade de que uma pessoa que acredite que sua esposa consegue ler sua mente, ter problemas psiquiátricos, é bem mais alta. Esse constitui um exemplo bastante simples de que quando inserimos uma nova variante a mudança no espaço amostral leva a uma nova probabilidade. Mas outros exemplos trarão maior riqueza à explanação.

Numa família com duas crianças, qual a probabilidade de que, uma delas sendo menina, ambas sejam meninas? A princípio pode parecer que a probabilidade seria de ½, posto que a outra criança tem igual chance de ser tanto menina quanto menino.
Se a conjunção condicional não estivesse presente”, de acordo com a Lei do Espaço Amostral de Gerolamo Cardano, “a probabilidade de que ambos os bebês fossem meninas seria de ¼,” pois estas seriam as possibilidades:

(menino, menino); (menino, menina); (menina, menino); (menina, menina). ¼.

Dada a condição de que um dos bebês é menina, a probabilidade de que ambos sejam meninas não é de ½ e nem ¼ , mas sim de 1/3. pois:

(menino, menina); (menina, menino); (menina, menina). 1/3.

Agora, usando o mesmo exemplo, o que aconteceria com a probabilidade se inseríssemos uma outra variante? Continuam dois bebês e continua um deles sendo menina, a diferença é que essa que sabemos ser menina se chama Flórida. O fato de sabermos o nome da menina tem algum significado para a probabilidade?
Em princípio o espaço amostral seria o seguinte:

Menina f = menina Flórida.
Menina nf = menina não Flórida


(menino, menina f); (menina f, menino); (menina nf, menina f) (menina f, menina nf); (menina f, menina f). 

Nesse espaço amostral a probabilidade de as duas crianças serem meninas é de 3/5.

            Porém, ao sabermos que uma das meninas se chama Flórida, podemos levar em conta outros fatores para reduzir o espaço amostral. Flórida atualmente, nos Estados Unidos, não é um nome muito comum dado as recém nascidas, assim, supondo que apenas 1 a cada um milhão de crianças nascidas se chama Flórida, podemos colocar como praticamente impossível duas meninas chamadas Flórida,  filhas dos mesmos pais, ainda mais tendo em conta que os país raramente batizam filhos com nomes iguais. Dessa forma, podemos retirar a possibilidade (menina f, menina f) do espaço amostral, que ficaria da seguinte forma:

(menino, menina f); (menina f; menino); (menina nf, menina f); (menina f, menina nf). ½

Tendo a variante de que uma das meninas se chama Floridas e tendo em vista que seria bastante improvável pais com duas meninas chamadas Flórida, retiramos do espaço amostral a opção (menina f; menina f) e esse fator, que em princípio parece irrelevante, altera a probabilidade.

Um último exemplo da Teoria da Probabilidade Condicional é referente a algo que aconteceu com o próprio Leonard Mlodinov. Em 1989 ele recebeu um exame de HIV + e seu médico disse que ele tinha 1 em 999 chances de estar com o vírus, posto que 1 em cada 1000 exames desse tipo dá falso positivo (da positivo sem ser de fato).
Meu médico confundira a probabilidade de que o exame desse positivo se eu não fosse HIV positivo com a probabilidade de que eu não fosse HIV positivo se o exame desse positivo” (Mlodinov, F. Ob. Cit. p. 124).
Mlodinov reduz o espaço amostral a partir da informação dos Centros de Controle e Prevenção dos Estados Unidos, de que 1 a cada 10 mil homens brancos, americanos, heterossexuais e não usuários de drogas (perfil no qual ele se enquadra) testados, estão infectados pelo HIV. “Presumindo que a taxa de falsos negativos fosse próxima de 0, isso significa que aproximadamente 1 pessoa de cada 10 mil apresentaria  um exame positivo em virtude da presença da infecção” (idem. p. 125).
Sendo a taxa de exames falso-positivos de 1 a cada 1000, dentro do grupo de 10.000 homens haveria mais outros 10 casos de falso-positivos (positivos em pessoas não infectadas).
Resumindo, se a cada 10.000 homens do citado grupo 1 realmente é HIV+ e 10 homens são falso-positivos, 9.989 apresentarão exames negativos. A partir dessas considerações o autor reduz seu espaço amostral para os 11 homens que tiveram exames HIV+. Como apenas 1 desses 11 é realmente HIV+ e o restante são falso-positivos, Mlodinov conclui que o parecer do médico, de que ele tinha 1 chance em 1000 de estar saudável, era equivocado. Na verdade a probabilidade era 10 chances de estar saudável num total de 11.
Meu médico me informou que a probabilidade de que o exame estivesse errado - e eu, na verdade, estivesse saudável – era de 1/1 mil. Ele deveria ter dito: Não se preocupe, existe uma chance de mais de 10/11 de que você não esteja infectado” (Idem. p. 125).
 

(Esse texto é um RESUMO que fiz do capítulo de um livro que estou lendo e que gostaria de compartilhar com os amigos e leitores do blog. Procurei apenas colocar em termos mais claros e de forma mais resumida as idéias do autor. Todos exemplos citados são do autor, a ordem em que se encontram os argumentos é a mesma do autor. Como um "mal alfabetizado em Matemática", apesar do cuidado, posso ter comprendido de forma equivocada algum argumento e assim, peço desculpas antecipadamente. Mas como achei que o livro poderia interessar os colegas, achei por bem correr o risco).

Livro resumido: Mlodinow, Leonard. O Andar do bêbado: como o acaso determina nossas vidas. Zahar.
Leonard Mlodinow é doutor em Física pela Universidade da Califórnia, Berkeley.

Saimov

domingo, 16 de outubro de 2011

REVOLUÇÃO ÍNTIMA

VOCÊ AMIGA LEITORA DO NOSSO BLOG, SIM, VOCÊ.
VOCÊ QUE "NAQUELES DIAS" FICA CONSTRANGIDA, PREOCUPADA COM MANCHAS,
VAZAMENTOS...SEUS PROBLEMAS ACABARAM!!!

CHEGOU REVOLUÇÃO ÍNTIMA, A ÚLTIMA PALAVRA EM ABSORVENTES FEMININOS.
SE VOCÊ É AQUELA MULHER QUE GOSTA DE FUGIR DO TRADICIONAL, TEMOS AINDA O REVOLUÇÃO ÍNTIMA COM ABAS E PARA OS MOMENTOS DE PRAZER, USE REVOLUÇÃO ÍNTIMA COM  CHEIRINHO DE MENTA.

FAÇA UM SANEAMENTO ÍNTIMO EM SUA VIDA. USE REVOLUÇÃO ÍNTIMA, O ABSORVENTE DO SÉCULO XXI.

Revolução íntima tradicional e com abas e cheirinho de menta (para momentos de prazer).

Saimov (chefe da divisão de marketing do banquinho do xadrez)

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

UM PESO DUAS MEDIDAS

Semana passada o humorista Rafinha Bastos foi punido pela Band em razão de uma piada de péssimo gosto que fez com a "cantora" Wanessa Camargo. O "jornalista" Boris Casoy há algum tempo também cometeu um "deslize" e o fato não teve tanta repercussão e tampouco foi punido. Detalhe: Rafinha Bastos ofendeu a filha de um famoso cantor sertanejo e Boris um gari. Assistam e tirem suas conclusões.



A partir do primeiro vídeo podemos discutir se devem existir limites para se fazer humor. Tem que ter controle externo? Ou os limites são dados pelo bom senso, ou falta dele, do próprio humorista. Por mais que uma piada tenha sido de mau gosto ou políticamente incorreta, um "controle externo" não seria mais nocivo que os constrangimentos causados pela piada? Por outro lado, se uma ofensa racista é crime, qual a medida para discernir uma piada ou apologia ao racismo em uma apresentação humorística?
Em relação aos dois vídeos, realmente é interessate a maneira como a Band tratou os dois casos.

Saimov



terça-feira, 4 de outubro de 2011

The Damned of Shiprock.























Nos confins da Terra, no território dos abismos, a luz das fontes inspiradoras é tênue demais para aquecer e iluminar a etérea alma sofredora, que lamenta plangente ter deixado como inacabada sua obra. Retomá-la é-lhe impossível, pois a memória antes espontânea e até constrangedora, tornou-se inválida, inútil e ameaçadora. Só serve agora para acusar-lhe insistentemente a falta grave e negligente; só lhe traz o aviso da obra inacabada, como lembrança imorredoura.

Essa obra guarda a história, a origem e a trajetória de eventos, que um dia agitaram multidões de seres à espera de milagrosos adventos. Ela contaria a verdade escondida e há muito tempo lacrada, que fez dos livres e valentes uma escória desprezível de anulados dementes.

Nas masmorras enegrecidas insetos devoram dejetos, em meio à lama fria e pegajosa do que antes foram resplandecentes e valiosos objetos. Nelas, mascaras de pele, osso e mofo ocultam o rosto culpado de infelizes criminosos no fundo do poço. Esquecidos pelos vivos que os odeiam, aguardados pelos mortos..., que os anseiam.

Da existência fácil, fútil e confortável, guardam apenas lembranças que em nada amenizam seu estado deplorável. Preconceitos e ódios, orgulhos e vaidades, em corpos fortes e belos, altos e ágeis. Combinação explosiva de atitudes abusivas. Destempero e vingança prodigalizaram com crueza, tirando dos fracos e indefesos o apoio da vital esperança, fazendo de suas infâmias atos explícitos de ousadia e leviana proeza.

Juízes e carrascos de si mesmos, com voracidade agora se consomem; espantalhos irreconhecíveis do que antes eram homens. Tudo o que antes lhes era óbvio, íntegro e amoral, agora lhes parece estranho, corrompido e anormal. Uma grande peça lhes pregou a consciência ao manter-se viva e lúcida desmentindo o que lhes vinha afirmando sua terrena ciência. Veredito condenatório lhes foi pronunciado. E não há acordos, recursos ou expedientes que lhes livrem da redoma invisível com que seu próprio juízo agora lhes prende.

E sabe o que é que acontece, moço?

A pedra se transforma em areia e esta em poeira...

O corpo se transforma em esqueleto, e este em pó...

A fé se transforma em descrença, e esta em indiferença...

O amor se transforma em amizade, e esta em cumplicidade...

A semente se transforma em árvore, e esta em morada de aves...

O Sol se transforma em gigante vermelha, e esta em anã branca...

A carne se transforma em carniça, e esta em necrochorume...

A beleza se transforma em lembrança, e esta em lapsos incoerentes...

A vitória se transforma em derrota, e esta em lamento...

O verso se transforma em inverso, o vice em versa...

O calor se dissipa e o frio o substitui, o tempo passa e a hora se perde.










domingo, 2 de outubro de 2011

A PORTA FECHADA

O velho novo de novo. Por uma vez mais o dia nasceu brilhante após o ocaso trivial dos desafortunados. Por uma vez mais os pensamentos parecem viciados, focados nessa esperança perplexa de algum amor casuístico.
Mais uma vez, o acaso me trouxe uma nova complicação. Tudo estava quieto, estático. Os dias eram até então serenos dentro das suas próprias limitações mesquinhas. Mas agora tudo me parece o imperativo do verbo sofrer transmutado numa ansiedade obesa.
Queria eu controlar o acaso, esse mistério de voz alta e roca, esse penetra estúpido de língua estrangeira. Mas já que não o controlo, queria eu então prever o futuro para que a luta fosse justa. Pudesse eu prever o futuro e todas as peripécias do acaso poderiam ser curadas se eu já soubesse as manchetes do jornal de amanhã.
Seria justo, e melhor, não seria tão sarcástico esse gosto diabólico do acaso por aguçar as nossas paixões.
Mas por outro lado, o acaso poderia ser justo, mesmo sem previsões, se ambos os lados de um mesmo amor entendessem que um encontro casual seria o menos casual em suas vidas.
Por de trás de todo esse mistério sem previsões, tudo o que sei é que não é possível saber nada do que está de fora da porta do quarto ainda fechada numa manhã comum.
Eu acordo nessa manhã ensolarada e comum. E diante de mim há a porta do quarto ainda fechada, esperando para ser aberta, esperando que eu a abra e assim possam começar todos os desejos do dia.
A porta espera pacientemente. Ela não me diz nada e nem poderia. Ela não me convida, não me questiona. Apenas está ali como um ritual de passagem que me levará ao inevitável encontro com o acaso.
Seguro a maçaneta e a giro com vontade, como quem gira a sua própria roda cotidiana. Preciso de um novo dia, de um novo sonho. E naquela maçaneta eu deposito todas as paixões que o dia pode conter.
A porta se abre e eu não posso saber o que virá, tudo o que sei é que o velho novo sentimento de sempre me faz caminhar enquanto ainda respiro. Tudo o que sei é que por mais este dia comum algo de novo despertará em mim o desejo por sentir novamente aquela doce expressão de um sentimento nobre.
Eu a desejo inexoravelmente, e ao girar aquela maçaneta diária faço a escolha por desejá-la, mesmo sabendo que o mesmo acaso que me levou a estar tão próximo daquele velho novo amor, pode não ser tão forte quanto a certeza que me fará tão próximo daquele velho novo verbo sofrer.  

Rafael Guerreiro