quarta-feira, 25 de abril de 2012

Epitáfio em homenagem ao Srº Lélio:

“Requiem aeternam dona ies, Domine, et lux perpetua luceat eis. Te decet hymnus, Deus, in Sion, et tibi reddetur votum in Jerusalem. Exaudi orationem meam, ad te omnis caro veniet. Requiem aeternum dona ies, Domine, et lux perpetua luceat eis". "Suscipe me secundum eloqvavn tvvm et vivam”. “Difficillimum est justum dolorem temperate”. (É muito difícil moderar uma dor justa; Ulpiano)
Como sabem os amigos do Banquinho do Xadrez, o venerável Srº Lélio veio a falecer já há algum tempo. “Seu” Lélio era muito querido no pântano das capivaras em virtude de sua gentileza, paciência, sabedoria, humildade e generosidade; além de ser um talentoso, combativo e terrível adversário no tabuleiro. Como prova de seu apreço pela instituição do Banquinho do Xadrez, Srº Lélio demonstrou sua bondade nos legando, via testamento, parte de seu acervo enxadrístico. Em relação a este pequeno acervo, ficou decidido, em discussão envolvendo Celso Kindervox, Japa “Loco” Massumoto, Maurício Karamazov Tussígeno, Zaparolli e Dúdis Tozinsky Cobain, que o material, de altíssimo valor didático, ficaria sob a tutela desde último, que possui melhores instalações e know-how em relação a conservação de livros, já que se trata de bibliófilo consumado e inveterado. De minha parte,"Dúdis", o que posso prometer é que não me apropriarei indevidamente de nenhum destes livros, que são desde já patrimônio coletivo das capivaras do Banquinho; e que de modo algum desonrarei minha própria palavra, que tem pouco crédito, admito, mas é uma das únicas partes ainda intactas de minha reputação a ser preservada. A ideia é formarmos um tipo de biblioteca onde os livros são retirados e posteriormente devolvidos para que todos os interessados possam deles valer-se, revezando-se nas leituras e estudos. Os livros tratam de vários tópicos, desde tutores introdutórios ao jogo (ideal para aqueles que não conhecem ou fingem não conhecer as regras do esporte; e para aqueles que desrespeitam-nas tacitamente), passando pelo tema das aberturas, dos finais, das combinações, das análises de partidas, das análises táticas e estratégicas; até as coletâneas de partidas de “Grandes Mestres” dos séculos XIX e XX, reproduzidas como modelos do "bom" e do "mau" xadrez. Avalio-os como de grande préstimo e utilidade para todas as categorias e faixas etárias de capivaras que chafurdam no calçadão, desde as que engatinham de fraldinha no jogo/esporte, até as que já correm maratonas enxadrísticas sérias. O livros estão escritos em sua maioria em espanhol, uma boa oportunidade para se aprender algo do idioma-irmão. A seguir segue a lista dos livros que estão à disposição dos interessados. Os livros estão numerados de um(1) a dezesseis(16), ok? There we go:
Spassky. Principal oponente de "Bobby" Fischer, o russo-soviético Boris Spassky representou com ferocidade seu país, a antiga União Soviética; mas simplesmente não foi páreo para a genialidade de Fischer.Spassky reuniu em seu estilo o que havia de melhor à época:o melhor da lógica; agressividade tática; minúcias estratégicas e grande complexidade em combinações. Reteve o título de Campeão Mundial de 1969 até perdê-lo para Fischer, sucumbindo em 1972. Boris Spassky se naturalizou francês e continua em atividade ainda hoje. 1-Ajedrez revista Anual: Coletâneas de partidas entre Grandes Mestres tais como Paulsen, Tal, Botvinnik, Zukertort, Réti,Tarrasch, Bronstein, Eliskases, Spassky,Smyslov , Rubinstein, Keres, Boleslavsky, Euwe, Fine, Capablanca, e muitos outros.
Capablanca. O cubano José Raul Capablanca Graupera foi um jogador "nato", se é que isso existe. O que nos leva a pensar nisto é sua qualitativa precocidade. Algumas de suas partidas ainda são estudadas como "exemplo de perfeição técnica". Passou oito anos de sua carreira profissional sem perder uma única partida! Evitava situações complexas, buscava soluções simples e eficazes. Foi sobrepujado pelo gênio poderoso de Alekhine. Diz-se que Capablanca muito pouco recorreu à literatura do xadrez, preferindo a análise de suas próprias partidas a fim de aperfeiçoá-las.Um dos maiores gênios do esporte, de estilo elegante, corajoso, rápido, sóbrio, simples e fulminante. 2-Tratado general de Ajedrez, Volumes de I à IV; de Roberto Grau.
Anderssen. O alemão Adolf Anderssen foi o criador, em combate com seus não -passivos adversários, é claro, das mais belas e conhecidas partidas de xadrez da história do esporte. Algumas receberam até nomes, como: " A Imortal" e "The Evergreen" ou "Sempre Viva". Seu jogo era rápido e fulminante, pois na época não se sabia muito bem como responder a seus sacrifícios de material.Era matemático, professor e criador de interessantes charadas de xadrez, algumas das quais somente ele foi capaz de desvendar. Um monstro enxadrístico de estatura monumental dotado de aptidões posicionais inigualáveis. 3-Ejercícios de Combinacion com Finales Brillantes; de Luis Palau.
Tarrasch. O alemão Siegbert Tarrasch, apelidado de "preceptor germânico", foi um filósofo e um teórico do xadrez; mas nada deixava a desejar no tabuleiro. Este alemão dogmático, pedagógico e por vezes "teimoso", amedrontava seus oponentes com sua reputação de perfeccionismo. Foi sem dúvida um dos "Grandes Mestres" da história do esporte, mas nunca chegou a campeão mundial. Era médico cirurgião, outra atividade onde seu perfeccionismo fez sucesso. 4-La Defesa Francesa; de Miguel Czerniak.
Murphy. O norte-americano Paul Morphy foi considerado o melhor jogador de sua época, meados do século XIX. Seu jogo surpreendia os adversários pela rapidez com que suas peças eram colocadas em jogo objetivamente, ou seja, na posição ideal para o ataque. Seu jogo era aberto, arriscado e temerário. Produto de sua auto-confiança inigualável.Morreu aos 47 anos, o que naquela época era considerado uma vida longa. É anterior aos campeonatos de nível mundial. Seu jogo era de um brilhantismo espetacular, e foi desses espetáculos que sobreviveu até enlouquecer, adoecer e morrer. 5-El Final; de Miguel Czerniak.
Marc Taimanov. O ucraniano-soviético Mark Taimanov foi pessoa de múltiplos talentos. Músico pianista e multi-instrumentista de alto nível, foi um grande teórico das "Aberturas" em xadrez. Seu excesso de otimismo e auto-confiança o levou a subestimar o gênio de Fischer. Quando se mostrou incapaz de vencer este oponente, passou a ser hostilizado em seu país, dedicando-se profissionalmente desde então com exclusividade à música erudita. Seu jogo era sólido, suas defesas impenetráveis, seus ataques praticamente irrefutáveis. Um perito praticamente imbatível, foi preciso que surgissem novos gênios para diminuir a estatura do seu próprio talento. 6-La Defesa Ninzoindia; de Marc Taimanov.
Bronstein. O Ucraniano-judeu-soviético, ou judeu-ucraniano-soviético, David Bronstein foi um dos mais imaginativos e criativos enxadristas da história deste esporte.Extremamente frio e agressivo, possuía uma "aura prestigiosa" de inteligência que intimidava seus adversários.Altamente inovador, confundia aqueles que jogavam baseados em leituras tradicionais.Perdia-se por tempo-esgotado tentando-se refutar por cálculos os lances intrincados e intuitivos de Bronstein. Mas fora do tabuleiro era gentil, sociável, amigável e íntegro, repito, "fora do tabuleiro".Foi um grande teórico, e escritor talentoso sobre xadrez. Não chegou à Campeão Mundial por puro azar...Teve de encarar a "muralha blindada", Mikhail Botvinnik, em 1951. 7-Análises de Bronstein; de David Bronstein.
Fischer. Atribui-se esta frase ao norte-americano de origem judaico-alemã Robert James Fischer, ou "Bobby Fischer": "-Existem jogadores duros e bons moços; eu sou um jogador duro". Mas não foi só isso. Auto-confiante ao extremo, arrogante, implicante, provocador e ambicioso, somou essas virtudes e desvirtudes e aplicou-as com afinco a sua única meta: tornar-se Campeão Mundial, o que conseguiu em 1972, retendo o título até 1975. Sua vida foi atormentada pelo seu próprio gênio indomável. Problemas com a justiça de seu país, EUA, o obrigaram ao exílio na Islândia. Maníaco, excêntrico e obsessivo, teve mais esta passagem registrada para a história: ao ser questionado por um velhaco repórter americano sobre o porquê de, sendo "tão" inteligente, não tinha até então feito uma faculdade ou curso de nível superior, Fischer saiu-se com esta:"- Existe na América, que o senhor saiba, alguma faculdade que ensine a ser campeão mundial de xadrez?" Ao que o repórter respondeu:'- Acredito que não Srº Fischer...'. E Fischer concluiu: '- Então não preciso de ensino superior algum...!!!'" 8-Bobby Fischer. Su vida y partidas ; de Pablo Moran.
Alekhine. O russo-moscovita Alexander Alekhine foi, sob alguns critérios bem específicos e consensuais, o melhor enxadrista de todos os tempos, emparelhado ou mesmo à frente do soviético Kasparov, tomadas as devidas proporções e contextos de época. Combativo, lógico, sofisticado, conhecedor profundo e aplicado da teoria enxadrística. Imaginativo, complexo e de mente impenetrável, elevou o nível do xadrez a alturas nunca antes atingidas. Sua excessiva doutrina era interpretada como "anti-dogmatismo", tamanho era seu requinte e superioridade no que chamava "arte".Foi Campeão do Mundo entre 1927-1934, e novamente de 1937 à 1946. Sua maior fraqueza era uma apreciação imoderada de vodka, o que o levou a decadência física e mental. Casou-se cinco vezes. Morreu no ano de 1946, em Portugal (Estoril), pois apreciava o calor ibérico. Seu maior ídolo foi ele mesmo, segundo ele mesmo. 9-As melhores partidas de Alexander Alekhine; por Alexander Alekhine.
Kasparov. O azerbaidjano-judeu-soviético "Garry" Weinstein Kasparov, também chamado de "o ogro de Baku", é considerado por muitos o melhor jogador de todos os tempos, título contestado por outros gigantes do esporte, como vimos. A especificidade de Kasparov é seu extremo apego ao xadrez ultra-moderno, calculista, racional e tenaz. Possui uma equipe de apoio do mais alto nível, todos muito bem remunerados, pois Kasparov foi provavelmente a pessoa que mais lucrou com o xadrez na história do esporte.Excelente em tática, estratégia, combinações, jogo complexo e jogo psicológico, foi durante algum tempo virtualmente "imbatível". Um jogador completo, bom escritor e ativista político, é considerado herdeiro intelectual de Alekhine. Venceu Karpov , até então tido como a revelação soviética da década de 70. Foi submetido a gigantescas pressões ao jogar contra um time formado pelo "resto do mundo", e ao jogar contra um supercomputador,o Deep Blue, que acabou por derrotá-lo em 1997. Mas houve posterior revanche, vencida por Kasparov. 10-Ajedrez Moderno; de Barnie F. Winkelman.
Mikhail Botvinnik. Percebi uma grande injustiça ao deixar de fora de minha "seleção", montada na verdade a partir dos livros doados pelo Srº Lélio,o Grande Mestre Russo-Soviético-Finlandês Mikhail Botvinnik. Botvinnik nasceu em Kuokkala, em 1911, na época um grão-ducado finlandês pertencente ao Império Czarista Russo. Formou-se engenheiro elétrico e foi importante pesquisador científico nesta área do saber humano. Botvinnik foi um dos melhores analistas e comentaristas de xadrez de todos os tempos em registro. Deu grande enfase a Teoria das Aberturas no Xadrez, acreditando estar aí a chave do jogo vencedor. Foi Campeão Mundial entre 1948 e 1957, quando perdeu o título para o jovem Smyslov, voltando a recuperá-lo e detê-lo até 1963, quando sucumbiu ao metódico, pragmático, precavido e hipermoderno jogador armênio-soviético Tigran Petrosian. Mas Botvinnik viveu um período de grandes glórias no esporte. Obteve a melhor pontuação geral, ou acumulou mais pontos em sua carreira, que qualquer um dos 9 "ex" ou "futuros" campeões mundiais com quem jogou, incluindo Lasker, Capablanca, DrºEuwe, Smyslov, Alekhine, Petrosian, Spassky, Tal e até mesmo Fischer. Foi também um generoso mestre da arte enxadrística, ensinando tudo o que sabia a Karpov e Kasparov, que foram alunos seus.Iniciou a análise computacional do xadrez. Era auto-crítico e incansável, vencendo todos os melhores jogadores de seu período. Fundou a escola soviética moderna de xadrez. Jogava com excelência todas as fases da partida, da "Abertura" as "finais de peões".Um gênio da análise enxadrística, aptidão que legou a Karpov, Kasparov e, indiretmente, a Magnus Carlsen, hoje pupilo de Kasparov. 11-El Gambito de Rey Aceptado; de B.L. Esnaola.
Tchigorin. O russo de São Petersburgo Mikhail Tchigorin foi um representante da escola russa "romântica" de xadrez. Uma "pilha de nervos", era um atacante amedrontador e intimidante, com grande capacidade de confundir, driblar e estontear seus adversários, condições das quais tirava grandes vantagens enxadrísticas. Foi editor de revistas de xadrez, organizador de campeonatos e fundador de associações enxadrísticas na Rússia czarista. Era alcoólatra, o que prejudicou sua carreira. Sua única derrota séria foi contra Steinitz. Nasceu em 1850 e morreu em 1908, ainda com muito prestígio. 12-La Defensa India Del Rey!; de Wilson Jorge.
Mikhail Tal. Maior jogador tático de sua época, o letão-soviético Mikhail Tal foi também o maior sacrificador de peças de que se tem notícia nos anais do esporte. Agressivo, imprevisível, aloucado e intuitivo, tinha uma reputação aterrorizante que o precedia.Extremamente cheio de recursos, revertia partidas tidas como perdidas para ele..., muita das quais estavam "de fato" e criteriosamente "perdidas"..., ganhas graças a seus movimentos cheios de confutação, complexidade e desarticulação!! Permaneceu invicto durante 86 partidas de elite consecutivas durante seu "ápice". Campeão Mundial em 1960. Fumava tanto a ponto de incomodar os adversários. Era reconhecido por seu bom humor e generosidade. O gênio mais heterodoxo em termos de tática de todos os tempos. Suas partidas são ainda das mais acessadas nos bancos de dados enxadrísticos pelo mundo afora, pois são um deleite aos aficionados.Foi finalmente derrotado em 1992, aos 55 anos, pelo tabaco. 13-El Extraordinario Ajedrez de Mikhail Tal; de Luis Palau.
Petrosian. O armênio-soviético Tigran Petrosian foi o mestre do jogo defensivo. Adorava jogar com as pretas, e era insuperável com elas. Metódico, chegou a Campeão Mundial em 1963 vencendo a "muralha" Botvinnik, sendo derrotado mais tarde por seu compatriota soviético Boris Spassky.Petrosian testou todas as teorias defensivas existentes em sua época, além de criar suas próprias. Podia-se empatar com Petrosian, mas vencê-lo era tarefa demasiado hercúlea para qualquer enxadrista que não fosse de altíssimo nível..., e mesmo para estes o preparo para enfrentar Petrosian deveria ser meticuloso.Petrosian foi, metaforicamente, a antítese enxadrística de Mikhail Tal. Seu jogo era cauteloso, defensivo, preventivo. Odiava derrotas fulminantes.Acumulava pequenas vantagens posicionais até que o adversário se via em 'maus lençóis' , só então predava sua vítima.Foi Doutor em Filosofia da Ciência, e pesquisava a lógica enxadrística. Era quase totalmente surdo, o que, segundo ele mesmo, ajudava-o a concentrar-se. 14-Tigran Petrosian. Campeon Mundial de Ajedrez; de Luis Palau
Reuben Fine. O norte-americano de origem russo-judaica Reuben Fine foi psicólogo, teórico, militar, almofadinha, medalhista olímpico e um grande mestre internacional.Foi o maior jogador de "xadrez relâmpago" que já existiu, além de ser adepto de "simultâneas" e partidas "às cegas".Escrevia de forma excelente, e trabalhou a questão da psicologia do xadrez com maestria. Morreu em 1993, uma referência muita requisitada, consultada e respeitada em se tratando de psicologia do xadrez. 15-Finales Basicos de Ajedrez; de Ruben Fine
Zukertort. O polonês Johannes Zukertort merece ser lembrado aqui por suas capacidades especiais. Grande matemático, possuía memória incrível e era, sem exagero, uma verdadeira calculadora humana. Steinitz o chamou certa vez de "-o jogador mais forte que encontrei em meu caminho enxadrístico". Um "osso duríssimo de roer", literalmente. Poliglota, professor, critico literário, critico musical de renome e editor, tinha no xadrez um apenas um "hobby", no sentido moderno. Tivesse Zukertort se dedicado a sério, provavelmente teria chegado ao "cume" do esporte. Mas era muito talentoso e versátil para se ater a apenas uma atividade. 16-Xadrez General; de Luis Palau.
Bem amigos, os livros são estes. São diversão e instrução para muito tempo. Mais uma vez agradeço ao finado Srº Lélio e à sua família que de boa vontade nos cedeu estas preciosidades de acordo com a vontade de nosso amigo! Um abraço a todos. Dúdis Tozinsky Cobain.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

PRIMEIRO CONCURSO CULTURAL "BANQUINHO DO XADREZ - PRÊMIO O BIGODE DE OURO

    
Todos os frequentadores do querido e imundo "Banquinho do Xadrez" perceberam a decadência de Mauricinho Karamazov. Realmente não é mais o mesmo. De uma das principais potências da praça, nosso bom e velho bigode (mais velho que bom) se transformou em uma espécie de Guarani, ou seja, uma quarta ou quinta força nos tabuleiros. Até o adolescente Tiaguinho vem desbancando a velha Capivara.
     Inclusive, a clássica risadinha irritante está se transformando em uma decadente tosse, fazendo com que ficasse conhecido, nos ultimos tempos, por Mauricinho - o tussígeno.
     Apesar disso, reconhecendo a importância dessa lenda-viva para o Banquinho, nosso blog vem a publico prestar uma merecida e carinhosa homenagem ao amigo decadente.
     Estão abertas as inscrições para o 1 CONCURSO CULTURAL DO BANQUINHO DO XADREZ.

Complete a frase: "O MAURICINHO NÃO É MAIS AQUELE...."


As frases mais criativas serão premiadas:

1 lugar: livro "Como vencer finais de peões", de Saimov Kasparento (obra autografada).
2 lugar: CD "Dud's Tozinsky In Concert" - Live Banquinho do Xadrez. Os maiores sucessos do Nirvana na inconfundível voz do Sinatra dos trópicos.
3 lugar: livro "Tardes estressantes", de Rafinha Bata Branca. Um contundente e comovente relato das peripécias e diligências do nosso Oficial de (in)Justiça.
4 lugar: livro "Xadrez Relâmpago", de Achilles Abreu e Pedrinho Tortoise.
5 lugar: livro "Pare de beber em 5 lições", de Evair Racional.

Participe, concorre e ganhe prêmios.
 "Mauricinho não é mais aquele..."








segunda-feira, 16 de abril de 2012

E AGORA JOSÉ?


E de repente, não mais que de repente, a Península Ibérica separa-se do continente europeu, transformando-se em uma imensa “Jangada de Pedra”. A morte para de exercer suas costumeiras atividades, deixando incomodados os capitalistas do ramo defuntístico e aflitos os entes que, vendo seus velhos não morrerem, anseiam pelo fim das “Intermitências da Morte”. Uma epidemia de “Cegueira” culmina com respeitáveis senhores cedendo o monopólio da vagina de suas esposas a terceiros, tudo em nome do pão de cada dia. Maria Madalena tem sua noite de amor com um esfarrapado homem de Nazaré, contrapondo aos sagrados dogmas o “Evangelho Segundo Jesus Cristo”. A família Mau-Tempo vê suas gerações serem consumidas pelo latifúndio em uma autoritária Portugal.
E agora José morreu...
Romancista, socialista, mordaz crítico social, e porque não filosofo? José Saramago foi antes de tudo um homem profundamente sensível frente às questões sociais de seu tempo. Fez de seus romances sua arma política e o fez com uma sensibilidade, graciosidade e profundidade inconfundíveis. Sua refinada ironia, sagaz percepção e lucidez analítica, forjaram uma obra literária de inquestionável excelência, que combina os talentos estilísticos mais caros aos herdeiros de Camões com uma intensa paixão pelas causas sociais.
Nascido em 1922, José Saramago passou pelo século como uma cometa em noite escura, iluminando e deixando atrás de si a marca indelével de sua passagem. Mergulhar nas intensas e por vezes áridas páginas de sua obra, por vezes é como fazer uma viagem à uma Portugal desconhecida de nós brasileiros, e por outras, parece com um “descer às profundezas da alma humana”, onde habitam nossos desejos, instintos e receios mais inconfessáveis.
E morreu o tal José...


terça-feira, 3 de abril de 2012

MAURICÍN KARAMAZOV VS DUD´S COBAIN SINATRA " - Houston!! - We have a trouble...!!"

Terça-feira, 03/04/2012. Um relato imparcial/esculachado dos eventos desta noite. "-Houston!! -We have a trouble...!"
   A tarde deste dia se transmutou gradualmente em uma noite fria e ventosa, o que sempre reforça a sensação de frio das noites francanas. As frias noites de Franca "do Imperador (!??!)" são proverbiais. Há uma lenda que diz que os tupis nativos da região já se queixavam com os pioneiros e tropeiros analfabetos, cachaceiros, sujos, ambiciosos e inescrupulosos, da "fria escuridão" do Sertão do Capim Mimoso, atual Planalto Francano, assim que chegava ao término o verão. Sabiam estes inocentes príncipes do mato que estavam eles a mais de mil metros de altura acima do nível do mar? Que estavam "atrasados" em mais de mil anos de desenvolvimento técnico em relação aos branquelos barbudos que os submetiam? Provavelmente não. Mas por outro lado sabemos bem a solução que os nobilíssimos pioneiros deram ao problema do indígena desarmado e friorento: a eliminação covarde da etnia inteira no noroeste do estado... 
   Bem, para não "aquilizar" o caso, e encurtando a narrativa, o antigo Pouso dos Bagres prosperou, em termos, repito, "em termos", dando origem a uma cidade chamada Franca das Três Colinas, a Franca do "Imperador Tupiniquim", conhecida atualmente como a "capital brasileira do calçado", ainda que este título seja contestado com justa razão pela gaúcha Novo Hamburgo... 
   Que seja! Grande coisa..., "big deal" diriam os Yankees. Temos o "Magazine Luiza", os troféus empoeirados do basquete e o relógio do sol para nos orgulharmos, não? Isso sem contar nossa mais importante instituição: o Banquinho do Xadrez do calçadão da Marechal Deodoro! Uma controvérsia insípida com os gaúchos só nos afastará mais de nossa meta, discutir uma simples partida de xadrez. 
   Astronômica e antropocentricamente mais importante que isto é o fato de que a cidade hoje é mais conhecida pelas enormes "capivaras" bípedes/fumegantes que rondam o calçadão em torno de seus tabuleiros de xadrez; é mais importante o fato de que o Thiaguím Guitarman agora é um cara emancipado; de que a ausência do Xandão não foi questionada; de que o Ivair Racional Superior estava sóbrio e comportado esta noite; de que nosso querido Celsius Kindervox não está no Nirvana, significando que ainda se encontra entre nós, os desiluminados; de que o Pedrinho "osso duro" continua a desenvolver seu xadrez independentemente de nossa orientação, para seu próprio bem; de que o Rafa "Little Bailiff" esta desencalhado e menos carente afetivamente, o que não o desimpede de suas diligências noturnas (à serviço, diz-se); de que o amigo Ebola se deu conta à tempo de que existe um dispositivo moderno chamado "balança", e que este pode o ajudar a controlar sua expansão horizontal; de que o "Japa" não estava de ressaca e nem se embebedando; de que o Klau continua em liberdade; de que o "Seu" Lander continua nos entretendo com seus aportes eruditos em pleno entretenimento enxadrístico; de que o Profº Aquiles não culpou explicitamente a cantoria punk-rock/melodiosa-odiosa de Dúdis pelos seus mal-escolhidos movimentos intra-tabuleiro; de que há notícias de que nosso "Fundador Todo Foderoso", Profº Maurilão Karamazov esta vivo e em atividade; de que o nosso co-fundador Bibí Palhacín Killer continua buscando a hegemonia enxadrística entre as capivaras com suas armadilhas matutas intra-tabuleiro; e finalmente de que o Profº Saymov, prevendo e torcendo por uma derrota humilhante de Mister Maurício Karamazov Tussígeno, lembrou-se de trazer consigo o artefato captador de instantâneos e raptor de almas, a câmera fotográfica. 
   O resto, "todo" o resto - desde os extintos dinossauros e bagres de nossos córregos, passando pelos calçados caros e mal-acabados; pelas carteiras de couro falso que descosturam vendidas por "amigos" à "amigos"; pelos pedintes viciados que se sentem atraídos e à vontade entre a capivarada reunida e ruidosa; ou ainda pelo massacre matreiro dos indígenas pelos bandeirantes (diga-se: que destruíram as evidências e registros dos extermínios coletados pelos jesuítas,  que supostamente poderiam servir para uma tardia, pobre e, admitamos, mesquinha reparação social para os descendentes  tupis-guaranis em virtude das atrocidades sofridas por seus antepassados..., episódio que, em si, nada tem a ver com o xadrez propriamente dito[?]...), - é apenas parte da história local, inclusa esta na embaraçosa e sangrenta história da herança brasileira. 
   As "vozes do além" que se manifestam durante as cruéis partidas disputadas no calçadão bem poderiam ecoar o lamento destes nossos ancestrais nativos, reivindicando o que era seu por tradição e pré-histórica ocupação..., mas devo me concentrar e parar de "aquilizar" o comentário da partida, da qual, aliás, até agora nada foi dito...!! 




     Pois então, para "desaquilizar" voltarei já-já (15' aquilianos, no máximo!) à partida que deixou Mister Maurício Karamazov tão cabisbaixo e tussígeno; deixando tão exultantes as sinistras e sarcásticas "vozes palpiteiras do além"."- Pare de aquilizar porra!!".
   Pois bem, a abertura das brancas, conduzidas por Dúdis Cobain, que estava mais cantarolante e chato que de costume, foi a já típica P4D, seguida pela defesa não-ortodoxa, semi-suicida e desaconselhável inventada pelo próprio teórico enxadrístico Srº M. Karamazov, o tussígeno. Ele responde à P4D com P3CR, preparando o fianqueto do bispo branco, sempre com a má intenção de atacar o P4R que costumeiramente é o segundo lance de Dúdis, o amável barítono irritante. O que aconteceu desta vez, para não aquilizar ainda mais o kafkiano relato, foi que Tozinsky Cobain resolveu tentar "estabilizar" o jogo na ala de sua Dama, e obteve sucesso em seu intuito. A dama de Mister Karamazov fez apenas um infeliz lance que a colocou na casa 2BD, ali permanecendo como se fosse uma estátua de sal, petrificada pelo medo, como a esposa de Ló ao ousar contemplar a furiosa destruição com fogo e enxofre caídos do "céu"(??) sobre Sodoma e Gomorra, lançados das alturas pelo misericordioso YHWH (Iavé). Então Dúdis, o menestrel do punk-rock desafinado, decidiu iniciar um ataque no flanco do rei adversário, percebendo que Mr Karamazov Tussígeno não sabia se atacava ou defendia. Sinatra Cobain, o artista menosprezado, iniciou então um avanço de peões que desestabilizou o "emocional" e o "racional" de Karamazov Tussígeno, que acabou por desperdiçar ainda mais tempo importante,  já "aquilizado" desde o início, movendo seu cavalo inexpressivamente três vezes. 
   Bom, para não aquilizar até o fim o comentário, o fato é que quando Tussígeno Karamazov deu por sí, Tozinsky (o sósia latino, sofrível, da síntese de Kurt Cobain e Frank Sinatra) , já tinha firmado um peão em 6BR protegido por outro em 5R. A alternativa que evitava o mate - uma vez que Tozinsky, o Cavaleiro dos Buquês descartados, posicionou sua rainha em 3R, ameaçando entrar pela diagonal em 6TR - perdia material decisivo, uma torre ou mais. A paralisia estupefata de Karamazov o impediu de encontrar qualquer solução para evitar o mate iminente, preferindo este verdadeiro gentleman encerrar de forma cortês a partida deitando o rei, tossindo bastante, e apertando a mão calejada, disforme e cheia de bactérias de Dúdis Tozinsky, não sem antes pedir para que a partida não fosse postada no Blog, pedido este que foi peremptoriamente negado devido a importante lição que a mesma contém aos incautos de plantão, qual seja, "nunca, mas nunca mesmo" deixe sua Dama fora de foco, pode ser fatal no xadrez e causar terríveis dores-de-cotovelo na vida extra-tabuleiro, se é que para Karamazov Tussígeno existe tal vida..., ou se tal vida é Vida... As implicações desta visão de mundo são por demais interessantes para serem debatidas aqui, neste breve relato, merecendo um ensaio à parte..., mas ora-bolas, chega de "aquilizar".
   Devo enfatizar a presença e o testemunho ocular desta destrinchante partida pela Vossa Reverendíssima pessoa do "Sumo Sacerdote Pontifical" dos capivaras francanos, Mister Manoel Sírio-Cearense, imigrante, doutor²(doutor ao quadrado - médico e advogado), engenheiro, físico, casuísta, bardo, voluntário de guerra, piadista-humorista, cientista espacial, ficcionista consumado, escritor de renome e eminência parda em vários círculos de poder locais, regionais, nacionais, internacionais e cósmicos.  "- Ave-Hail Dom Manoel!!". 
   O candidato a futuro prefeito da cidade também se fez presente entre os mal-cheirosos capivaras - especialmente o Dúdis - contribuindo para o "miasma insalubre" local com seus odores específicos: Srº Baixinho Pé de Cana. Obrigado à Vossa Excelência pela encantadora e ao mesmo tempo deprimente e espoliante presença; e obrigado por fazer dos roedores muquiranas seres mais generosos através de suas desinteressadas "doações" de campanha..., parte das quais se converterá inevitavelmente em álcool etílico, a mais eficaz das drogas causadoras e curadoras do terrível delirium tremens dentre as existentes no mercado, no branco e no negro. Dúdis Tozinsky, o inveterado em abstinência forçada que o diga... Fui! Good riddance me!
                          Abraço aos irmãos capivaras do calçadão francano. 
Dúdis Tozinsky Cobain Sinatra Bezerra Pavarotti Belchior, o canalha despretencioso.