segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Breve ensaio sobre a epistemologia pós-moderna do saber.

Há milênios discute-se os paradoxos do mundo objetivo, e questiona-se a ‘real’ natureza desta  entidade.  Sabe-se há muito que existe a riqueza da pobreza e a pobreza da riqueza. Que existe a feiúra da beleza e a beleza da feiúra. Existe o tudo do nada, e o nada do tudo. Existe a vitória da derrota, e a derrota da vitória. Existe o prazer do sofrimento, e o sofrimento do prazer. Estas contradições, surgidas das multivariadas perspectivas a que estão submetidos os fenômenos é o que torna a perfeição defeituosa para alguns, e os defeitos perfeitos para outros. Esta indeterminação essencial motiva a re-exploração de territórios intelectuais tidos até então como domesticados, buscando-se neles o que ainda é selvagem, bravio e virgem. Alguns exploradores simplesmente seguiram trilhas fáceis, por comodidade. Outros “enxergavam” mal e distorceram os fenômenos que viram ao descrevê-los. Alguns passaram apressados por pontos importantes, visando apenas à glória e ao prestígio que anteviam à frente, sub-dimensionando o valor de certos achados. O medo, a desatenção e os preconceitos também fizeram e fazem seus estragos durante a empreitada do saber. Medir, equacionar, pesar, comparar, analisar, selecionar, triar, filtrar, processar, interpretar, dimensionar, equiparar, categorizar e teorizar os fenômenos depende intrinsecamente de fatores e índices subjetivos. Nada há de perpetuamente estabelecido. Pressões sócio/políticas, problemas pessoais, disposição mental e física, impregnação ideológica e motivações diversas atuam sobre a já complexa correlação objeto/observador. Estados psicológicos, crenças interiorizadas, energia psíquica, valores e princípios cultuados, e outros dispositivos culturais difundidos interferem na objetividade e imparcialidade das análises. Prazos apertados; recursos insuficientes; carência de instrumental experimental adequado, métodos e teorias superadas ou inadequadas também colaboram para as imprecisões perturbadoras do  saber institucionalizado.
    Também são inexatos os sistemas métricos e os padrões de medidas vigentes. O ‘segundo’, o ‘metro’, o ‘litro’, as medidas de ‘massa’, tempo, amperagem, voltagem, velocidade, peso, distancia, quantas, persecs, foram instituídos arbitrariamente. São estes referenciais cambiantes e oscilantes os elementos colocados sob julgamento pelos epistemólogos e hermeneutas contemporâneos.  Toda esta revisão heurística, somada à “virada lingüística” da década de 1970, a qual demonstrou toda a ambigüidade, ambivalência, insuficiência e representatividade abstrata da linguagem,  colocou muito do que se tinha como “estabelecido”, “certo”, “bom”, “absoluto” e “correto” em xeque. O Homem teve seu passado, seu presente e seu futuro desacreditados. E seu “ser”, seu “estar” e seu “devir” postos em  questão novamente. 

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