segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Intelectualóidismo: doença infantil do intelectual

Mesmo sob a pena de ter que criar um novo conceito e defender seu uso, não resisti a tentação de fazer uma analogia ao famoso texto de Lênin: Esquerdismo: doença infantil do comunismo. Para o revolucionário russo o esquerdismo seria uma espécie de caricatura, de deformação sectária do comunismo. Assim, o intelectualóidismo está para o intelectual tal como o esquerdismo está para o comunismo.
O intelectualóidismo é uma verdadeira enfermidade que acomete o intelectual. Os principais sintomas são: a arrogância, o sectarismo e a incapacidade de olhar para além do próprio umbigo. O intelectualóide é aquele que, debruçado em cima de sua erudição e nas formas empoladas de expor suas idéias, não consegue sair de seu próprio horizonte de eventos.
 Apesar de sólidos e importantes conhecimentos, o intelectualóide não coloca suas idéias em movimento. Em razão da forma empolada elas não entram no ônibus, não chegam à humilde casa do trabalhador, enfim, não ganham asas para contribuir para uma sociedade melhor. O máximo de movimento que fazem é em torno da própria órbita do enfermo ou de um restrito grupo de seus pares, também “iluminados”.
Apesar de toda erudição, bagagem cultural e capacidade criativa, o intelectualóidismo pode degenerar para sua forma mais aguda, onde o intelectualóide perde totalmente a noção de si próprio. Nessa fase ele passa a se considerar o centro do cosmos, ficando surdo a qualquer crítica. Pior, as críticas, por mais justas que sejam, são prontamente repelidas na forma de raivosas injúrias e impropérios nada eruditos, aliás.
Considerando o conhecimento como “socialmente construído” e tendo em conta os graves problemas sociais de nosso país, proponho aos colegas do blog um debate sobre o papel do intelectual no Brasil de hoje. Para não entrar em contradição com o que escrevi, gostaria também que ampliássemos o alcance de nosso blog, sob o risco de ficarmos restritos a mera masturbação intelectual.
Por fim, gostaria de sugerir alguns tópicos a serem abordados pelos colegas: definição do “ser intelectual”; o intelectual da imprensa, o papel da universidade na sociedade, enfim, são apenas sugestões de alguém que só sabe que nada sabe.
PS. Pensando em algo mais prático, poderíamos levantar a questão de abrir uma oficina de xadrez (me falta agora termo melhor) para crianças carentes.
Um grande abraço a todos.
SAIMOV

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