domingo, 16 de janeiro de 2011

Carta aberta a Rafinha Capablanca

Amigo Rafinha
Gostei do caminho pelo qual conduziu a questão.
De certa forma concordo com você, pois quando coloquei o "onde", foi justamente para enfatizar como, no meu entender, nossa ciência e nossa própria capacidade de entendimento são limitadas.
Por mais que expliquemos e especulemos sobre o "Big Bang", chegaremos sempre ao que você afirmou ser "insondável" (pelo menos momentaneamente). Suponhamos poder explicar, sem sombra de dúvidas, a História do universo desde a “grande explosão” aos dias de hoje. Chegaremos então as perguntas que fiz:

“E o tal, “Anteverso”, que estava densamente comprimido, estava onde? Ou seja, se ele se expandiu, o que havia antes onde ele se expandiu? Expandiu-se sobre o quê? Ou não existia o “onde” ainda? Tudo veio com a tal “Extrusão Primal”?”.

E aí, no meu entender, essas perguntas levam ao seu “belo Por que”. Quando coloquei o “onde” foi apenas para expressar a insignificância de nosso entendimento perante a imensidão do cosmos. Penso que nem nossa linguagem e tampouco nossa capacidade de abstração podem dar conta, mais que superficialmente, dos conceitos de “eternidade”, no caso de o “antes do universo” ter sempre existido; e de “não eternidade” uma vez que se tudo teve um começo, fica a pergunta do “antes do começo”.

Dessa forma chego também, mas por outro caminho, ao seu “por que”. Existe uma intencionalidade por trás de toda essa orquestra cósmica? Tem um “por que” auto-consciente regendo, ou mesmo tendo apenas colocado em movimento, esse universo (que pode ser apenas um de milhares)?

Quanto a ser essencial ou não questionar o “onde”, penso que isso é relativo. Em um mundo onde pessoas ainda morrem de fome e uma espécie, em sua infância científica, esta seriamente ameaçada pela autodestruição, é supérfluo, com certeza.

Porém, penso que o “onde” e o “por que” não estão dissociados, sendo ambos parte de uma mesma questão, como espero ter demonstrado (no meu entender). Tendo em conta que essa “ânsia de conhecer” parece inerente a nossa espécie e que tais questionamentos, além dos importantes “subprodutos” tecnológicos que podem gerar, acarretam importantes reflexões sobre nossa própria espécie, não considero supérfluo.

Questionar o “por que”, que considero relacionado ao “onde”, nos possibilita um entendimento tanto sobre nossas relações com as outras formas de vida em nosso planeta, quanto com nossos próprios “irmãos” Homo-Sapiens.

Por fim, espero ter compreendido e não distorcido o que você escreveu. Um forte abraço e parabéns pelo impressionante talento literário. 

P.S. Só discordo diametralmente do pseudônimo “Rafinha Capablanca”. Qual lugar sobrará para o Mauricinho?

 

SAIMOV

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