terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Para que mesmo serve o dinheiro? A quem mesmo serve o dinheiro?

                                           “Não, rico não. Eu sou um pobre homem com dinheiro, o que não é a mesma coisa” (Gabriel García Márques, Amor em tempo de cólera, 1985)
    O dinheiro, a meu ver, é bem vindo como conseqüência de trabalho honesto, digno e produtivo socialmente, pois na própria trajetória para produzir, conscientemente e com qualidade, é que nos aprimoramos como seres gregários que somos, e o aprimoramento pessoal por si só já vale o trabalho, mas não enche a barriga. O dinheiro é um meio, uma medida de valor para podermos efetuar a troca de nossa força de trabalho por bens e produtos. Numa metáfora mais crua, dinheiro é o sangue social do qual precisamos nos suprir para viver e atuar em sociedade, principalmente em sociedades assumidamente capitalistas, como a nossa. Mas nem por isso precisamos nos tornar sanguessugas, morcegos sanguinários em busca cega e desenfreada pelo vermelho vital do sangue social.  Uns se transformam em verdadeiros parasitas, outros em verdadeiros canibais, alguns em zumbis vivendo do sonho de enriquecer ou tornar-se  patrão, e a maioria, na qual me incluo, em mero gado domesticado, ou  "proletário-conformado". Raríssimos são os que têm a coragem para "chutar o balde" e viver de forma alternativa
     Mesmo nessa perspectiva o dinheiro é dispensável ou substituível, pois existiram, existem e existirão comunidades que vivem da permuta de bens e serviços (como indica o termo pecúnia, cuja origem latina é o substantivo pécus, gado, significando que em tempos remotos, mesmo em Roma, o gado era usado como meio de troca), ou da simples divisão do trabalho tribal.
   Prefiro colocar como meta a utilidade ou satisfação que o produto de nosso trabalho oferece às pessoas, e quanto mais pessoas se servirem do fruto dessa atividade virtuosa, acredito que maior será a sensação de missão cumprida, de pacífico contentamento e paz interior que nos invade nestas situações. Novamente, para minha pessoa, não há maior recompensa para um trabalho bem feito do que esta.
   Entretanto, estou ciente de que o próprio dinheiro tem o poder de comprar quase tudo nos dias de hoje. Inclusive pessoas. Mas não amigos! Indivíduos alienados, que nunca produziram nada e que nunca serviram a ninguém, desfilam por aí exibindo seus fetiches de consumo, causando inveja nos infelizes que ainda não perceberam que o maior dos bens possíveis sobre a superfície desse grão de poeira cósmica perdido no espaço sideral, para nossa espécie, não esta em nada externo ou alheio a nós, e sim em nosso íntimo, em forma de paz, alegria, harmonia com cosmos e satisfação de espírito.
                                                        “A paz é mais importante que toda justiça; a paz não foi feita para o bem da justiça, mas a justiça pelo bem da paz”.  Martinho Lutero, 1530.

Nenhum comentário:

Postar um comentário