segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

RIO 40º E MARX DE PALETÓ


Em 1998 chegou à ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) uma estranha carta endereçada, mais estranhamente ainda, ao Monte Olímpo. Os peritos brasileiros tiveram grande dificuldade em decifrar o conteúdo da carta, uma vez que a mesma estava grafada em alemão e com péssima caligrafia. A priori pensaram tratar de espionagem estrangeira, porém, até agora nada foi comprovado. O mais intrigante disso tudo é que a carta tinha como destinatário o grande pensador Friedrich Engels e estava assinada por ninguém menos que Karl Marx.
Corre entre os peritos da ABIN, e não se sabe se isso tem algum embasamento, o boato de que após suas respectivas mortes Marx e Engels, por serem considerados semi-deuses (ao menos para alguns marxistas), foram parar no Monte Olímpo. Após algum tempo de adaptação começaram a fazer sérias críticas ao despotismo de Zeus, atribuindo á esse acusações de abuso de poder e opressão aos outros deuses. Teria havido muitos atritos entre os dois alemães e o alto executivo olímpico, porém, nunca foram tomadas medidas mais severas por parte de Zeus. O estopim da crise teria sido em 1997 do calendário cristão, quando Marx, e não foi provada ainda a co-autoria de Engels, publicou e distribuiu por todo Olímpo o ofensivo “Para Crítica do Zeus do Olímpo”, com prefácio de Homero e tudo mais.
Prontamente o filho de Cronos decretou estado de sítio e expulsou Marx, que ao que tudo indica teria recebido asilo político no Rio de Janeiro.
Segue a integra da carta já devidamente traduzida:

“Querido Engels.

Terra estranha essa que me serve de exílio, por onde ando parece que todos me observam. Crianças param para zombar de mim, dão-me tapas e até já roubaram meu chapéu, aquele, que você me deu. Não suporto mais esse calor infernal, não é a toa que as pessoas por aqui andam quase nuas. Sinto-me sufocado nesse terno de lã. A propósito Engels, será que você poderia me emprestar algum dinheiro para comprar algo mais adequado ao clima?
Que cena horrível presenciei ontem a tarde! Estava passeando pelas ruas da cidade quando de repente um jovem de camisa vermelha, devia ser o uniforme do sindicato ou do partido comunista local, era perseguido por quinze outros com camisas brancas adornadas pela cruz de malta. Esses últimos provavelmente pertenciam a alguma organização burguesa. Por sorte o garoto de vermelho era esperto e conseguiu fugir.
Horas depois passou uma caravana de homens com camisas iguais ao do garoto que lhe falei. Estavam indo se concentrar em um enorme prédio em forma de círculo que chamavam de Maracanã. Deve ser o nome do sindicato.
Ah, e que fervor revolucionário tinham esses homens! Todos gritavam palavras de guerra... Mengo! Mengo! Mengo!  Não imaginava que nessa terra o movimento operário era tão organizado. Penso eu Engels, que este país esta a beira de uma revolução comunista, pois nessa mesma tarde, ao passar por um bairro operário sobre uma colina, avistei bandeiras vermelhas com a sigla de algum grupo revolucionário. C.V. Deve significar algo como “Comunismo Vivo”, “Comuna Vermelha” ou “Colina Vermelha”.  O mais impressionante é que os trabalhadores enfrentavam de armas nas mãos a guarda contra-revolucionária que tentava subir a colina
Ah, caro Engels, acho que estou em um momento crucial da História, sinto que logo o proletariado desse país tomará as fábricas e fazendas capitalistas. Basta sair ás ruas para sentir o cheiro da revolução. O espectro do comunismo ronda essa cidade e quero dar minha contribuição a esse povo.
Companheiro, não mais me estenderei, pois tenho uma revolução pra fazer. Saiba que nem mesmo a distância pode tirá-lo do meu coração. Até breve.
Karl Marx.
Rio de Janeiro, 1º de maio de 1998.”

Sabemos através de depoimentos de populares que na noite do 1º de maio um homem barbudo, já com seus sessenta anos de idade e trajando roupas um tanto chamativas, subiu em cima de uma mesa em um boteco da zona norte e começou a xingar o dono de “porco capitalista”, “explorador”...Quebrou copos e garrafas até que a Polícia Militar chegou e delicadamente o levou para o D.P.
Contam os que estavam presentes em seu depoimento que o homem, quando perguntado seu nome, disse que era Karl Marx. Sabe-se que hoje ele está em um hospital psiquiátrico todo machucado por ter brigado com outro interno, um tal Napoleão.

SAIMOV

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