quinta-feira, 28 de abril de 2011

Freiando a contagem regressiva.


Bem, primeiro devo parabenizar o Ebola pelo vídeo postado em "Mudando Paradigmas". Original, inteligente, útil e "libertário". O nosso Blog precisa de mais postagens deste tipo; não só 'deste' tipo, é claro. Mas muito do que esta sendo postado ultimamente é lixo, como bem colocou um (a) visitante do blog dias atrás. Agora, caso a pessoa tenha idéias autênticas, originais, e as acha importante o suficiente para não ficarem somente para ele, então as poste e vamos debatê-las! Criar um espaço para a “sã discussão” era nossa meta.  Vamos mudar a meta?! Vamos deixar o blog virar um lixão?
   Voltemos ao foco da questão. Os rumos do ensino e da educação estão sendo discutidos há décadas. Quem faz a diferença são os que estão na linha de frente, os professores. Edgar Morin, discute a re-ligação das disciplinas  faz vinte anos. Philippe Perrenoud clama por mais autonomia aos professores há muito tempo. Jean Piaget e Maurice Merleau-Ponty também. No Brasil temos Paulo Freire como proeminente neste tema, e muitos outros "atentos" educadores. Mas a realidade “geral” entre os contextos culturais das sociedades democrático-liberais não estão assim tão distantes umas das outras, e nem da nossa. Países capitalistas, pluripartidários, heterogêneos etnicamente e religiosamente. Industrializados ou em industrialização acelerada. Mídias de massa. Migrantes e imigrantes aos milhões. Economia de mercado/consumo e tudo o que isto implica. O trabalho e o ensino voltados para este mercado.
   Ok. Quem, dentre os professores, não conhece as novas competências propostas por Perrenoud:
1-Organizar e dirigir situações de aprendizagem.
2-Administrar a progressão das aprendizagens.
3-Conceber e fazer evoluir os ‘dispositivos de diferenciação’.
4-Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho.
5-Trabalhar em equipe.
6-participar da administração da escola.
7-Informar e envolver os pais.
8-Utilizar novas tecnologias.
9-Enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão.
10-Administrar sua própria formação contínua.
   E quem dentre os professores não conhece os famosos “Sete saberes necessários à Educação do Futuro”, de Edgar Morin:
1-Ensinar sobre as cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão.
2-Ensinar sobre os princípios do conhecimento pertinente.
3- Ensinar a Condição Humana.
4-Ensinar a Identidade Terrena.
5-Ensinar a enfrentar as Incertezas.
6- Ensinar a Compreensão.
7-Ensinar a Ética do Gênero Humano.
   Sem minimizar a importância do vídeo e de seu autor, gostaria de enfatizar que a mesma discussão desenvolvida ali já tem decênios de ‘vida própria’. Os professores formados em nossa geração, e os que se preocuparam com as reciclagens e formação contínua, sabem que o modelo ‘tradicional’ esta fadado ao fracasso. Cada micro-realidade tem suas micro-variâncias, assim como cada região climática possui seus micro-climas. O professor deve ‘perceber’ essas variâncias e adaptar seu método à sua realidade. Os que pretendem continuar no ofício devem estar comprometidos com os novos saberes e competências. Poucos caminhos alternativos a este existem hoje. A questão não diz respeito somente ao Capitalismo, ao Industrialismo ou ao Socialismo como os grandes paradigmas. O ambientalismo, o futuro da democracia, a globalização, o hiper-intercâmbio virtual, a Natureza, os usos e fins da ciência e da tecnologia, a expansão demográfica da população e o futuro sustentável da nossa espécie e de nosso planeta são questões pertinentes hoje, e desde já algum tempo...  E o serão ainda mais daqui para frente. A luta capitalismo versus comunismo já rendeu os seus malditos frutos: os mega-mortíferos arsenais atômicos. Deixaremos para as próximas gerações um legado sombrio o bastante: administrar estes arsenais e desmantelá-los sem causar a catástrofe nuclear; administrar a escassez de combustíveis; administrar a degradação ambiental, a violência social generalizada, as drogas psicoativas, o trânsito caótico, a poluição atmosférica e a extinção das espécies... , inclusive da nossa.
   Não vejo razões para que nada se comemore. O episódico século XX foi lamentável e vergonhoso para o chamado “Homo Sapiens” (Homo Demens, como diz Morin!). Deixaremos aos nossos filhos um mundo a beira, às vésperas da destruição. Cobranças e avaliações sobre eles e seus desempenhos “escolares” não nos cabe mais por direito, perdemos mesmo a autoridade, e não só como professores... Temos sim é que oferecer oportunidade para que se tornem indivíduos cívicos melhores do que somos e melhores do que fomos. Deixaremos sobre eles uma carga quase insuportável. Não devemos, pois, nos dar “ares” de “sabichões”, de “autoridades”, de “ajuizados” e de “patriarcas”. Não somos nem temos nada disso a oferecer-lhes. Colocamos as próximas gerações no “fogo”, por pura intolerância, mesquinharia, orgulho e insensatez. Vamos torcer para que se tornem seres, em geral, melhores do que fomos. Se acabarem por tornarem-se iguais a nós, o que é possível, o mundo continuará em contagem regressiva para o apocalipse...
Dud's Tozinsky Capivarovsky Sinatra.

7 comentários:

  1. Concordo que devemos debater mais no blog. Só discordo que publicamos muito lixo.
    Não entendo o bom humor, a brincadeira sádia e a tiração de sarro como lixo.
    É uma forma de interação, de incluir aqueles colegas que em um primeiro momento, por um motivo ou outro, não se inclinam ao debate.
    Os textos mais comentados são aqueles que tem caráter satírico, pois como temos uma variedade muito grande de afinidades no blog, o que aglutina o pessoal são as "lorotas do banquinho".
    Os debates vão aparecendo aos poucos, como está acontecendo e sempre permeados pela "leveza", pela brincadeira.
    Acho que cada coisa tem seu lugar.
    Aqui é o espaço para essas brincadeiras e também para o debate franco.
    Enfim, muitas vezes o "lixo" está mais em certas ideologias caducas colocadas de forma acadêmica que na brincadeira, na leveza e no bom humor.

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  2. Concordo e assino em baixo, até porque, na visão do Dud's, eu devo ter escrito muito, mas muito lixo hehehehhe.

    Excelentíssimo Sr. Dr. Lord Hilário e Descontraído Mr. Warrior Rafinha Warrior

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  3. Brigaremos pelo posto de "Lixeiro Mor".

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  4. pessoal, coloquem os marcadores no final da postagem, ajuda na organização do blog

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Não vejo serem capazes de efetivação os últimos dois saberes necessários à educação do futuro (6 e 7).
    Ensinar a compreensão, sob o meu ponto de vista, não cabe ao professor, tão pouco a qualquer outro profissional, mas sim é algo que sempre será dado às experiências próprias e particulares do sujeito cognoscente. Qualquer tentativa de ensinar a "comprensão" é a tentativa de ensinar um comportamento. E pela própria natureza deste objeto cognoscível, qualquer tentativa de "ensiná-lo" seria uma limitação absurda e ao mesmo tempo uma forma de diminuí-lo e moldá-lo aos limites do professor.
    Da mesma forma, ética não é algo que se ensina, mas antes é algo que se apreende. As várias interpenetrações da ética no campo da moral impedem qualquer forma de pedagogia que se preze a ensiná-la. O que se pode, no máximo, é questioná-la e refleti-la do ponto de vista filosófico, mas não creio ser possível ensiná-la do ponto de vista prático.
    Ética não é matéria, não depende de didática, não é reduzível às regras da pedagogia, pelo menos não é sob o meu ponto de vista.

    Rafinha

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  7. Dud's
    desculpe, talvez eu pareça simplista com o próximo comentário, mas você fez uma ótima análise, mas gostaria de saber como você pretende "oferecer oportunidade para que se tornem indivíduos cívicos melhores do que somos"? Bom, digo isso pensando que talvez eles não saibam o que é civilidade, ou talvez estejam jogando carteiras uns nos outros enquanto o professor tenta explicar o que é ser cívil.

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