Tem gente que ainda hoje cai no conto do bilhete premiado, outros se perdem no golpe do celular, no do prêmio do Faustão, no conto do vigário e mesmo no conto da carochinha. Existe inocente pra tudo nesse mundo. Mauricinho, a raposa velha do Banquinho do Xadrez, caiu no velho e manjado truque da torre grátis. Como de costume já ensaiava o Allegro ma non troppo da risadinha irritante. Contava aos quatro ventos como daria o mate em Saimov. Mas jogou olhando apenas seus próprios movimentos, ignorou as manobras do adversário. Quando tinha todas suas peças no ataque, exceto a torre que defendia o rei negro (e que de uma forma bastante efetiva também atacava), foi acometido por uma verdadeira epifania, se sentindo o Todo Poderoso Zeus do Olimpo e adjacências.
Eis que Saimov “entrega” sua torre em um gesto magnânimo. O tarado das torres não pensou duas vezes e com aquele tom debochado disse: “eu tomo”. Tomou! E tomou mesmo! Só não posso dizer onde, mas imaginem o quanto doeu. Quando tomou a torre de Saimov com sua torre da coluna do rei, Saimov simplesmente desceu com a dama. É interessante a capacidade “camaleônica” da fisionomia humana. “De repente do riso fez-se o pranto/ De repente, não mas que de repente”. As bochechas coradas desbotaram-se, o bigode em riste ficou como orelha de vira-lata abandonado e a risadinha irônica transformou-se em um “não entendi de onde veio a porrada”.
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