Sexta-feira à tarde eu estava na casa de papai. À noite ele
teria que lecionar, então propus que me deixasse ir com ele para assistir. Fomos,
e eu pude observar como era seu trabalho. Eu o vi conversar com a diretora, com
os funcionários e com outros professores. Ajudei-o a preparar a aula e a sala. Por
fim, assisti à aula, não como aluna, mas como visita. Como a filha do
professor.
Nunca me imaginei entrando numa classe daquele jeito, sem
ser aluna. Nunca olhei para os funcionários da maneira como olhei naquele dia.
Nunca estive diante de uma diretora numa situação como aquela. Naquele dia eu
pude observar as coisas do ponto de vista de um professor, de um funcionário. E
só então percebi que quando se é aluno não se tem noção de nada. Quão
limitada é a nossa visão. Quão arrogantes somos em nossas posições, sentados em
nossas carteiras, olhando para os professores com desdém.
Lembrando-me agora desses
últimos treze anos, não sei se rio ou se lamento.
Original, verdadeiro. São as multiversões do meio social e as facetas psicológicas diversas das perspectivas que se opõe. Negamos, as vezes por preguiça e comodismo, entender a situação do próximo, do outro. Jogamos fora a experiência da alteridade que poderia nos enriquecer, por insistirmos na nossa versão de "realidade". Muito bom B.
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