terça-feira, 3 de abril de 2012

MAURICÍN KARAMAZOV VS DUD´S COBAIN SINATRA " - Houston!! - We have a trouble...!!"

Terça-feira, 03/04/2012. Um relato imparcial/esculachado dos eventos desta noite. "-Houston!! -We have a trouble...!"
   A tarde deste dia se transmutou gradualmente em uma noite fria e ventosa, o que sempre reforça a sensação de frio das noites francanas. As frias noites de Franca "do Imperador (!??!)" são proverbiais. Há uma lenda que diz que os tupis nativos da região já se queixavam com os pioneiros e tropeiros analfabetos, cachaceiros, sujos, ambiciosos e inescrupulosos, da "fria escuridão" do Sertão do Capim Mimoso, atual Planalto Francano, assim que chegava ao término o verão. Sabiam estes inocentes príncipes do mato que estavam eles a mais de mil metros de altura acima do nível do mar? Que estavam "atrasados" em mais de mil anos de desenvolvimento técnico em relação aos branquelos barbudos que os submetiam? Provavelmente não. Mas por outro lado sabemos bem a solução que os nobilíssimos pioneiros deram ao problema do indígena desarmado e friorento: a eliminação covarde da etnia inteira no noroeste do estado... 
   Bem, para não "aquilizar" o caso, e encurtando a narrativa, o antigo Pouso dos Bagres prosperou, em termos, repito, "em termos", dando origem a uma cidade chamada Franca das Três Colinas, a Franca do "Imperador Tupiniquim", conhecida atualmente como a "capital brasileira do calçado", ainda que este título seja contestado com justa razão pela gaúcha Novo Hamburgo... 
   Que seja! Grande coisa..., "big deal" diriam os Yankees. Temos o "Magazine Luiza", os troféus empoeirados do basquete e o relógio do sol para nos orgulharmos, não? Isso sem contar nossa mais importante instituição: o Banquinho do Xadrez do calçadão da Marechal Deodoro! Uma controvérsia insípida com os gaúchos só nos afastará mais de nossa meta, discutir uma simples partida de xadrez. 
   Astronômica e antropocentricamente mais importante que isto é o fato de que a cidade hoje é mais conhecida pelas enormes "capivaras" bípedes/fumegantes que rondam o calçadão em torno de seus tabuleiros de xadrez; é mais importante o fato de que o Thiaguím Guitarman agora é um cara emancipado; de que a ausência do Xandão não foi questionada; de que o Ivair Racional Superior estava sóbrio e comportado esta noite; de que nosso querido Celsius Kindervox não está no Nirvana, significando que ainda se encontra entre nós, os desiluminados; de que o Pedrinho "osso duro" continua a desenvolver seu xadrez independentemente de nossa orientação, para seu próprio bem; de que o Rafa "Little Bailiff" esta desencalhado e menos carente afetivamente, o que não o desimpede de suas diligências noturnas (à serviço, diz-se); de que o amigo Ebola se deu conta à tempo de que existe um dispositivo moderno chamado "balança", e que este pode o ajudar a controlar sua expansão horizontal; de que o "Japa" não estava de ressaca e nem se embebedando; de que o Klau continua em liberdade; de que o "Seu" Lander continua nos entretendo com seus aportes eruditos em pleno entretenimento enxadrístico; de que o Profº Aquiles não culpou explicitamente a cantoria punk-rock/melodiosa-odiosa de Dúdis pelos seus mal-escolhidos movimentos intra-tabuleiro; de que há notícias de que nosso "Fundador Todo Foderoso", Profº Maurilão Karamazov esta vivo e em atividade; de que o nosso co-fundador Bibí Palhacín Killer continua buscando a hegemonia enxadrística entre as capivaras com suas armadilhas matutas intra-tabuleiro; e finalmente de que o Profº Saymov, prevendo e torcendo por uma derrota humilhante de Mister Maurício Karamazov Tussígeno, lembrou-se de trazer consigo o artefato captador de instantâneos e raptor de almas, a câmera fotográfica. 
   O resto, "todo" o resto - desde os extintos dinossauros e bagres de nossos córregos, passando pelos calçados caros e mal-acabados; pelas carteiras de couro falso que descosturam vendidas por "amigos" à "amigos"; pelos pedintes viciados que se sentem atraídos e à vontade entre a capivarada reunida e ruidosa; ou ainda pelo massacre matreiro dos indígenas pelos bandeirantes (diga-se: que destruíram as evidências e registros dos extermínios coletados pelos jesuítas,  que supostamente poderiam servir para uma tardia, pobre e, admitamos, mesquinha reparação social para os descendentes  tupis-guaranis em virtude das atrocidades sofridas por seus antepassados..., episódio que, em si, nada tem a ver com o xadrez propriamente dito[?]...), - é apenas parte da história local, inclusa esta na embaraçosa e sangrenta história da herança brasileira. 
   As "vozes do além" que se manifestam durante as cruéis partidas disputadas no calçadão bem poderiam ecoar o lamento destes nossos ancestrais nativos, reivindicando o que era seu por tradição e pré-histórica ocupação..., mas devo me concentrar e parar de "aquilizar" o comentário da partida, da qual, aliás, até agora nada foi dito...!! 




     Pois então, para "desaquilizar" voltarei já-já (15' aquilianos, no máximo!) à partida que deixou Mister Maurício Karamazov tão cabisbaixo e tussígeno; deixando tão exultantes as sinistras e sarcásticas "vozes palpiteiras do além"."- Pare de aquilizar porra!!".
   Pois bem, a abertura das brancas, conduzidas por Dúdis Cobain, que estava mais cantarolante e chato que de costume, foi a já típica P4D, seguida pela defesa não-ortodoxa, semi-suicida e desaconselhável inventada pelo próprio teórico enxadrístico Srº M. Karamazov, o tussígeno. Ele responde à P4D com P3CR, preparando o fianqueto do bispo branco, sempre com a má intenção de atacar o P4R que costumeiramente é o segundo lance de Dúdis, o amável barítono irritante. O que aconteceu desta vez, para não aquilizar ainda mais o kafkiano relato, foi que Tozinsky Cobain resolveu tentar "estabilizar" o jogo na ala de sua Dama, e obteve sucesso em seu intuito. A dama de Mister Karamazov fez apenas um infeliz lance que a colocou na casa 2BD, ali permanecendo como se fosse uma estátua de sal, petrificada pelo medo, como a esposa de Ló ao ousar contemplar a furiosa destruição com fogo e enxofre caídos do "céu"(??) sobre Sodoma e Gomorra, lançados das alturas pelo misericordioso YHWH (Iavé). Então Dúdis, o menestrel do punk-rock desafinado, decidiu iniciar um ataque no flanco do rei adversário, percebendo que Mr Karamazov Tussígeno não sabia se atacava ou defendia. Sinatra Cobain, o artista menosprezado, iniciou então um avanço de peões que desestabilizou o "emocional" e o "racional" de Karamazov Tussígeno, que acabou por desperdiçar ainda mais tempo importante,  já "aquilizado" desde o início, movendo seu cavalo inexpressivamente três vezes. 
   Bom, para não aquilizar até o fim o comentário, o fato é que quando Tussígeno Karamazov deu por sí, Tozinsky (o sósia latino, sofrível, da síntese de Kurt Cobain e Frank Sinatra) , já tinha firmado um peão em 6BR protegido por outro em 5R. A alternativa que evitava o mate - uma vez que Tozinsky, o Cavaleiro dos Buquês descartados, posicionou sua rainha em 3R, ameaçando entrar pela diagonal em 6TR - perdia material decisivo, uma torre ou mais. A paralisia estupefata de Karamazov o impediu de encontrar qualquer solução para evitar o mate iminente, preferindo este verdadeiro gentleman encerrar de forma cortês a partida deitando o rei, tossindo bastante, e apertando a mão calejada, disforme e cheia de bactérias de Dúdis Tozinsky, não sem antes pedir para que a partida não fosse postada no Blog, pedido este que foi peremptoriamente negado devido a importante lição que a mesma contém aos incautos de plantão, qual seja, "nunca, mas nunca mesmo" deixe sua Dama fora de foco, pode ser fatal no xadrez e causar terríveis dores-de-cotovelo na vida extra-tabuleiro, se é que para Karamazov Tussígeno existe tal vida..., ou se tal vida é Vida... As implicações desta visão de mundo são por demais interessantes para serem debatidas aqui, neste breve relato, merecendo um ensaio à parte..., mas ora-bolas, chega de "aquilizar".
   Devo enfatizar a presença e o testemunho ocular desta destrinchante partida pela Vossa Reverendíssima pessoa do "Sumo Sacerdote Pontifical" dos capivaras francanos, Mister Manoel Sírio-Cearense, imigrante, doutor²(doutor ao quadrado - médico e advogado), engenheiro, físico, casuísta, bardo, voluntário de guerra, piadista-humorista, cientista espacial, ficcionista consumado, escritor de renome e eminência parda em vários círculos de poder locais, regionais, nacionais, internacionais e cósmicos.  "- Ave-Hail Dom Manoel!!". 
   O candidato a futuro prefeito da cidade também se fez presente entre os mal-cheirosos capivaras - especialmente o Dúdis - contribuindo para o "miasma insalubre" local com seus odores específicos: Srº Baixinho Pé de Cana. Obrigado à Vossa Excelência pela encantadora e ao mesmo tempo deprimente e espoliante presença; e obrigado por fazer dos roedores muquiranas seres mais generosos através de suas desinteressadas "doações" de campanha..., parte das quais se converterá inevitavelmente em álcool etílico, a mais eficaz das drogas causadoras e curadoras do terrível delirium tremens dentre as existentes no mercado, no branco e no negro. Dúdis Tozinsky, o inveterado em abstinência forçada que o diga... Fui! Good riddance me!
                          Abraço aos irmãos capivaras do calçadão francano. 
Dúdis Tozinsky Cobain Sinatra Bezerra Pavarotti Belchior, o canalha despretencioso.


5 comentários:

  1. Nossa. Que imagem triste. Este Srº parece que perdeu a partida e mais 1.000.000R$ na aposta.

    ResponderExcluir
  2. Só pra não aquilizar ou aquilisar, quem inventou o verbo que o defina, "O Tussígenos" foi muito boa.
    A bem da verdade, acho que nem o sacríficio da torre e nem um palpite do Kasparov salvaria Mauricinho. Aliás, ele ainda aquilizou uns vinte minutos antes de se dar conta que o seu monarca, espremido qual num banheiro químico, já estava condenado. - Perdeu Playboy!!!
    Quanto à fria noite francana...Realmente Franca lembra muito Londres em certas épocas do ano. Como diria Caetano Veloso, em show no Castelinho: "Alguma coisa acontece com meu coração/ Que só quando vejo a matriz com a Praça Barão".

    ResponderExcluir
  3. Aliás, ja que tanto se usou o verbo "aqulizar" nesse conto, os filólogos do Banquinho bem que poderiam colocar a tradução do referido verbo em inglês, latim, francês, italiano, espanhol....

    ResponderExcluir
  4. Só pra deixar claro, os créditos pelas fotografias são meus e gostaria que o autor do conto reconhecesse isso e não deixasse a entender que tal trabalho artistico é dele.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ok! Acabo de incluir os créditos fotográficos no corpo do texto. Ainda que a fotografia sombreada tenha encobrido parte da obra prima e seja trabalho amadorístico... Sei lá, de 1 à 10 nota 3 pra ela...Mas não, não foi trabalho meu! Dúdis.

      Excluir