segunda-feira, 29 de outubro de 2012
EVENTO COTIDIANO
Neste final de semana algo inusitado ocorreu comigo em uma das minhas diligências. Fui chamado às pressas pelo Diretor do cartório em que trabalho para "tapar um buraco" deixado por outra oficiala de justiça que simplesmente desapareceu no dia de seu plantão judicial. Tratava-se o caso de uma cautelar de separação de corpos. O "burro" aqui acabou atendendo o telefone e terminou o sabadão dando uma de exorcista do TJ, porque tive que tirar de dentro de casa uma assombração que gosta de bater em mulheres. Pois bem, de posse do mandado, me dirigi ao endereço indicado a fim de exorci...ops!, cumprir a medida cautelar. Chegando ao local, fui recebido justamente pelo réu, que naquela ocasião me tratou muito bem, inclusive, ofereceu até cafezinho! Com muita educação e respeito, disse a ele o teor do mandado, informando-o de todas as suas consequências. O réu não se assustou, pelo contrário, até deu risadas porque disse que sua ex-amásia já não morava naquele local. Disse ainda que já estava até de namorada nova!!! Pedi a ele que informasse o novo endereço da autora para que eu a encontrasse, o que prontamente foi atendido. Assim, me dirigi ao novo endereço da autora acreditando que faria tão somente a intimação da data da audiência e pronto, mais um mandadinho pro balaio!!! Foi quando ela manifestou a mim o desejo de regressar ao seu antigo lar. Pois bem, voltei juntamente com ela ao endereço do réu e, estando lá, informei a ele da necessidade agora de se retirar do lar imediatamente. Antes, contudo, tratei de amenizar seu psicológico, dizendo que aquela medida era ordem emanada do juiz e que eu não tinha qualquer interesse em vê-lo desinstalado de sua moradia. O rapaz recebeu a notícia de cabeça baixa e face estanque, sem manifestar qualquer emoção. Foi quando, de súbito, disse que não sairia do local e pronto. Disse a ele então que eu seria obrigado a chamar a polícia e que tal atitude lhe causaria sérios problemas futuros...Diante do que falei, ele simplesmente disse então que antes de sair iria quebrar a casa toda e lançou mão de um pedaço de madeira. Naquele momento, achei que o cara iria me partir no meio, mas ele entrou na casa e pôs-se a destruí-la em fúria incontrolável. Comecei a ligar pra polícia pelo número 190, mas fantasticamente eles não atendiam o telefone. Enquanto isso, o cara destruía a casa da autora e gritava todo tipo de injúrias lá de dentro. A situação era surreal, o cara quebrando tudo, a mulher chorando desesperada do meu lado e a polícia não atendia o telefone...Eu já tinha saído de perto e, inclusive, até mudei o meu carro de lugar rsrs! Foi quando o cara simplesmente cansou de praticar basebol com os vasos de sua ex-amásia e resolveu pegar seus parcos bens: uma TV velha, e pelo que vi, 2 pares de meia, uma calça surrada e 2 pares de sapato. Ao sair, após xingar seu desafeto por quase 5 minutos ininterruptos, olhou para mim e disse que não era nada comigo, pediu até desculpas. E saiu com seu carro como se nada tivesse acontecido...Complicado, não acham? Depois dessa, e com um calor de 35 graus, só mesmo tomando uma gelada pra esfriar o sangue...
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
A saga da caveira.
Numas de
achar que poderia o prazeroso ao agradável somar, o paulistano resolveu no mar
se aventurar. Atracado no porto de Santos estava um enorme cargueiro, junto a
outras embarcações, que em breve seu compartimento de cargas na China iria
abarrotar, com produtos pirateados, “dumpings” e falsificações.
O gaiato
aventureiro esperou a noite baixar e enquanto a tripulação chinesa se esbaldava
na zona portuária, ele atravessou a ponte de acesso e entre os contêineres foi
se ocultar. Satisfeito ele pensou: “-Quando chegarmos ao Havaí dou um jeito de
cair fora! Vou viver de pernas pro ar...”.
E sentiu que seus dias de motoboy em Sampa eram agora coisa de outrora!
O navio
já estava há dias em alto mar quando um marujo de Shangai avistou o penetra
lazarento. Ele foi pego no convés, ao relento, enquanto vomitava no mar lá de
cima da amurada, todo encardido e fedorento. Seu azar foi que o navio pertencia
a uma facção da “Tríade”, a máfia chinesa, que se autodenominava “Bandana
Suarenta”. A “saga da caveira” teve então início, assim, bem confusa e nojenta.
Os
chineses, “comunistas de mercado”, acharam que o brazuca era um espião norte-americano
disfarçado de “chicano”, sacaram o golpe
que o suposto “yankee” queria aplicar e amarraram o malandro, já em lágrimas,
com correntes e cadeado. A orgia de porradas continuava enquanto o marujo
maoísta atava o brasileiro bicão à uma ancora pesadona da embarcação; não sem
que antes ele sofresse brutalidades ao estilo da sádica máfia do Cantão...
Uma
sardinha curiosa, ainda fora da latinha, viu toda a patifaria, mas nada podia
fazer pelo infeliz intruso brasileiro que tinha entrado numa fria. Além do
mais, já estava calejada de tanta pirataria, coitadinha, e sabia que seu
destino também não era dos melhores: iria terminar sua existência exposta numa
vitrine de peixaria.
Antes que o capitão da nau gritasse em
mandarim um “-Não façam isso seus cornos!!”, lá da torre de comando, o paulista
vacilão já tinha virado isca de peixe marinho e petisco de tubarão. E a mutação
do moço não parou por ai não. Enquanto a ancora baixava nas profundezas da
Fossa das Marianas, a 11 mil metros de profundidade, o molecote ia se
desfigurando e perdendo os caracteres de sua identidade; maior azarão.
A
pressão estrambólica, a fria escuridão e as bizarras criaturas do leito
oceânico também não fizeram bem ao corpo do imaturo jovem da Mooca não... Antes
tivesse, ele pensou: “-(...)se conformado aos rigores de seu mundo continental,
construído nos moldes mentais de uma elite burgo-europeizada e pós-oligárquica
(como dizia seu avô ítalo-anarquista!), a morrer longe de casa, no fundo da
água salgada”.
Alguns
meses mais tarde, seu esqueleto recoberto de cracas foi içado numa rede de
arrastão junto a ostras, enguias, linguados, barracudas, caranguejos e muito
salmão. Num ensanguentado barco pesqueiro japonês, seus restos foram
devidamente separados do que tinha valor comercial ou era saboroso; afinal era
todo o trabalho de um mês e o mar ultimamente não andava muito piscoso.
“-Deve
ter sido um jovem mestiço sul-americano”, declarou o perito forense edokko ao
policial encarregado do caso. “-A causa mortis foi afogamento, mas sofreu
tortura e espancamento antes de borbulhar seu último lamento!”, completou o
assistente de necropsia entediado, já pensando na hora do saquê com a namorada
gueixa. “-Ofereçam-no aos brasileiros, através do consulado”, disse, aproveitando a deixa, um
intrometido nissei emigrado, da limpeza do chão encarregado. “-Digam que pode
ser a ossada de um político perseguido, ou mesmo de um torturador que acabou
como arquivo morto; se eu não me engano, por lá estão oferecendo anistia geral,
tanto pra uns quanto pra outros!”
Diante
das observações perspicazes do 'expert' em Brasil, e da inconclusão adicional,o responsável pelo caso
anuiu. Iriam encaixotar a ossada e remetê-la ao “povo varonil”. O espirito do
coitado suspirou aliviado: "- Pelo menos não vou parar no lixão da
capital..."; o qual, na verdade ficava em outra nação, lugar onde se vende
o quintal, o subsolo e o espaço aéreo por um pouco de ração, como dizia
Raulzito...
A
caveira sorridente voltou voando para o sul do norte-americanizado continente,
e ao sobrevoar os Andes sentiu um 'arrepio na espinha' quando se lembrou da
famosa história do acidente aéreo, quando corpos congelados foram
canibalizados. “-Que triste sina a dos devorados”, pensou, se esquecendo de que
sua própria sorte não tinha sido menos dramática: “-Sou brasileiro nato, nunca
perco o otimismo!”, pensou o espectro-esqueleto num arroubo de ufanismo atrasado. Nosso tupiniquim não logrou êxito em sua psicológica tática...
O humor negro da caveira desnorteada logo se tornou azedo, assim que percebeu a
confusão que os orientais fizeram mais cedo. Na hora de embarcar o esquife improvisado em caixa de papelão, colocaram a 'Republica Argentina' como
destinatária do tumbão. Os japoneses, na correria pós- tsunami, confundiram a
ditadura que poderia ter feito o “serviço”, e desovaram a ossada na terra de
Gardel e Galtieri! Uma prova de que no mundo inteiro existe trapalhada e
embromação, até mesmo no Japão...
Pousaram
então com a carcaça e sua alma penada nas margens do Rio da Prata. Buenos Aires estava em festa! A energia imaterial logo sacou: "-Víxêêê..., isso não presta...!". Foda, ela chegou bem na hora em que rolava, entre as respectivas seleções do Brasil e Argentina, uma daquelas partidas de futebol que todo brasileira detestava; 3X0 pros "hermanos"... O fantasma da caveira amaldiçoou o Brasil, o
mar, a sardinha, os estrangeiros e a China.
Logo depois, num hangar do aeroporto
portenho, a caveira desencaixotada sorria desdentada e mau-humorada para os gringos doidões,
pensando desconsolada com seus botões: "- Eu mereço...; que sorte de merda eu tenho...”.
Dúdis.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
Da Física Moderna.
Da
Física Moderna.
Acelerador de partículas CERN 2. Suíça.
Acelerador de partículas CERN 2. Suíça.
Algo pode,
simultaneamente, “ser” e “não ser”? Pode, contanto que se elimine o critério
convencional de “tempo” absoluto, pois este foi criado para medir a duração das coisas
no fluxo eterno do suceder; e para se identificar o que “é” e “não é”,
precisamos, ao exemplo do Bóson de Higgs, reter a essência de seu significado no
exato momento antes dele “sumir”, ou precisamente depois dele “aparecer”. O que "é" no instante seguinte "foi", em nenhum momento conseguindo, de fato, se estabelecer.
Evento Bóson de Higgs, imagem computadorizada.
Então este algo
pode, em concomitância, “estar” e “não estar”? Pode, com a condição de que não
se tome como perspectiva para sua determinação apenas um único lugar em um espaço absoluto.
Compreender o paradoxo exige empenho, e predisposição para as contra-alegações convincentemente
refutar; além de múltiplos observadores para fenômeno tão volátil captar. Nada existe de imóvel no espaço relativo; pois ele, assim como o tempo, perdeu seu antigo e estável estatuto.
Sub-partículas
Mas se o “tempo” é
pura convenção humana, o que se mede “há tempos” nos relógios e metrônomos
neste universo fenomenal? O ritmo, o
compasso e a cadência musical dos objetos em sua dança etérea no palco infinito
do teatro celestial. Uma melhor percepção se adquire quando se abandona a ideia
do tempo como uma corrente linear e fluvial.
Bicho tempo.
E a “velocidade”? Diz
mais a respeito da aceleração ou inércia relativa e vetorial das coisas; ou
sobre nossa impaciência com a imobilidade e morosidade? A reposta surgirá em nosso espelho gradualmente,
enquanto nossa pressa intensifica o desgaste físico e a rápida cascata fluida dos
eventos imprime em nossa face o sinal da idade.
Velocidade supersônica e a condensação de vapor durante o arranque.
O que pensar da “luz”,
em conclusão? É simplesmente o foco de claridade diária generosamente fornecida
pelo nosso Sol? Ou é este excêntrico emaranhado teórico do “quantum de fótons”,
tanto partícula quanto onda, que o físico Einstein sugeriu em prol e
substituição da pendente ideia da eletromagnética radiação? O tempo enfim nos dirá!
Claro está, afinal, que o “certo e o errado” não significam o mesmo que o “bem
e o mal”.
Luz solar sobre nuvens.
Dúdis
Tozinsky Cobain.
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