quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Enquete com os seguidores.

 Enquete baseada em uma ficção pós-moderna sobre elementos tradicionais e contemporâneos da cultura ocidental herdada.
 The Big Boss’ tale.
   Imagine, através de uma experiência mental, que você tem um patrão ao qual nunca viu o rosto. Você, por varias vezes, e por motivos diversos, “pediu as contas” a esse patrão, o qual parece ser surdo aos seus pedidos. Seus insistentes pedidos de melhores condições de trabalho, de aumento de salário, de “promoções” caem em ouvidos moucos. O tal Patrão se encontra, segundo dizem, à incomensuráveis distâncias no estrangeiro, mas também, dizem, tem escutas por toda a firma, vigiando cada um de seus passos. De fato, ele tem o registro de todos os seus feitos, de sua produtividade, de sua obediência as normas estabelecidas por “Ele”, e confiadas à funcionários comissionados que as interpretam, acreditando que você não é capaz de compreender a essencial do que o Big Boss vocifera.
   O que pensaria você deste Big Boss se ele, ao invés de lhe enviar ajuda nos momentos mais difíceis de sua missão à trabalho, aumentasse constantemente seus fardos com exigências totalmente alheias ao andamento de sua obra? O que pensaria se, além de ignorar seus rogos, “Ele” vivesse lhe imputando “culpas” e temores de punição por intermédio de seus diretores e de outros funcionários que juram ter contato freqüente com “Ele”? O que pensaria se, ao pedir satisfações acerca destas patentes injustiças aos “diretores”, eles dissessem que, se tentasse com mais empenho e pureza de coração, você conseguiria perceber as melhorias implementadas pelo patrão em seu ambiente de trabalho e que, com um pouco de paciência, poderia até mesmo falar diretamente com ele no momento propício? O que pensaria se, após deixar inúmeras mensagens no mural da firma, e nas caixas de reclamações, constatasse que nenhuma foi respondida até o momento, e que é provável que nunca sejam? O que pensaria se, de repente, quando não mais precisasse, aquele velho pedido fosse atendido de forma inconveniente e sem aviso algum, causando-lhe mais transtornos que benefícios, aumentando suas tarefas, aflições, sacrifícios e preocupações? E se percebesse que, tanto com os funcionários improdutivos e preguiçosos, quanto com os produtivos, o Big Boss tivesse a frieza de dispensá-los sem nenhum sinal ou aviso prévio? Justamente quando a família mais precisava deles?
   Responda uma das opções em relação ao texto:
1)      Você acharia que esta trabalhando para um megalomaníaco sem coração, que não merece seus préstimos?
2)      Você começaria a achar que o tal patrão é só uma ficção bolada pelo conselho executivo da firma, desconfiando que “eles” é que são os “donos” da firma, e que só “estão nessa” pelo prestígio e pelo ganho financeiro, pouco se importando com os que lhes são subordinados, inventando toda a estória de Grande Chefe para acalmar seus ânimos?
3)      Você passou a não pensar na hipótese da existência ou inexistência do Chefão, pois acha que, além de enfadonha, as conclusões podem ser muito desalentadoras para você neste momento; e de qualquer forma, você tem de trabalhar como todo mundo?
4)      Você acharia que pode haver algo no ambiente de trabalho que intoxica as mentes, levando-as a acreditarem em um ilusório Big Boss paterno e atencioso?
5)      Você pensaria que, na verdade, o que existe é um grande complô por parte da cúpula administrativa para induzir os trabalhadores à ilusão coletiva de que o Patrão existe e que vela por eles, tornando-os assim confortados, conformados e comportados como ovelhas, trabalhando sem questionar a utilidade dos produtos que fabricam e nem sobre os lucros e direções que o comércio de tais bens gera?
6)      Você poderia pensar que a razão de o Big Boss não se manifestar e não lhe atender é que, como dizem os “diretores”, você é importante demais, e o Chefão, além de ocupadíssimo, não quer nem aventar a possibilidade de perder ou de ter de substituir tão valioso operário, deixando o seu caso, e os de mesmo tipo relacionados aos demais empregados, aos cuidados dos funcionários de “cargo comissionado” da empresa, para ganhar tempo com você em atividade?  
7)      Você pensaria que deve ser desimportante demais como indivíduo para que o tão poderoso Patrão se ocupasse com seus pedidos e queixas infantis; e que “Ele” sabe muito bem do que você precisa, pois conhece a história de inúmeros funcionários, e que só age quando sabe que seus esforços reverterão em prol de seus subordinados.
8)       Você se permitiria pensar que “Ele” não o demite porque reserva a você um ótimo prêmio de aposentadoria pelos anos de bons serviços prestados a “Ele” e que, se Ele não se desfez de você até agora é porque suas chances de se enquadrar em Seus desígnios auspiciosos de retiro são grandes?
9)      Você acharia justo pedir ao Grande Chefe benesses e tratamento que você, já tendo uma boa colocação na “firma”, não dispensa aos que lhe são hierarquicamente inferiores?
10)   Você já notou que muitos de seus camaradas são exonerados justamente quando mais estão satisfeitos com o serviço, após décadas de aprimoramento e um lento e árduo processo de adaptação?
11)   Você já percebeu também que nenhum dos supostos “bem-aposentados” nunca voltou para lhe contar das maravilhas que vivenciam na ilha de descanso, paz e prazeres prometidos pelos porta-vozes do Big Boss?
12)   Você pensaria que os boatos de uma aposentadoria feliz serão confirmados quando sua hora chegar?
13)   Você notou, após alguns anos de trabalho assíduo, pontual e produtivo, que a categoria dos diretores recebe salários que correspondem a varias vezes o seu, e que eles trabalham um décimo do que você trabalha?
14)   Você começa a desconfiar seus chefes imediatos sabem de algo que você não sabe; algo que eles não querem que você saiba?
15)   Você continua acreditando que os bandos de chefes viciados, pedófilos, corruptos, falsos e debochados são mesmo o melhor que o Grande Chefe pôde escolher para lhe retransmitir Suas ordens e elogios?
16)   Você já chegou a cogitar que o Big Boss seria uma fantasia criada por uma turba de medíocres administradores que só estão em seus cargos por uma injusta e inflexível lei do mais forte e mais “bem-nascido”?
17)   Você já parou e pensou que esta louca fantasia se tornou uma lenda dentro da empresa, e um tabu muito forte para ser discutido? E que os diretores continuam amamentando os de baixo escalão com o leite deste “conto de ninar” para que tenham a sensação de que serão recompensados “um dia” por sua disciplina, apoio e bons serviços?
18)   Isto tudo é uma alegoria inventada por um ateu?
19)   Isto tudo é uma parábola cruel e fria sobre a experiência existencial?
20)   Isto é nada mais do que mais uma cínica ficção pós-moderna que busca alienar ainda mais os fracos de opinião?
21)   Isto é uma analogia profana, que desrespeita as fronteiras éticas entre o sagrado e o secular?
22)   Isto é uma metáfora desconstrutivista, elaborada com a finalidade de confundir e chocar?
23)   Isto tudo é uma tentativa tacanha de demonstrar as similaridades entre as estruturas do mundo religioso e as do mundo do trabalho, para demonstrar algo que não ficou claro no texto?
24)   Isto é desencanto de uma mente fodida e atormentada, que provavelmente perdeu, há tempos, a fé no que se convencionou ser digno de crença.
25)   Isto é sujidade imunizante; ou seja, é o medo de que algo realmente importante esteja acontecendo e que dele não estejamos participando. Por isso criamos visões trágicas, pessimistas e desalentadoras sobre artigos de fé.
26)   Isso é coisa de um merdinha amargurado, infeliz e anormal?

27) Você notou que o conselho executivo da grande firma é composto por indivíduos  notóriamente promíscuos e imorais; que exigem de você o contrário do que fazem?  
   Responda nos comentários. Divulgaremos a resposta vencedora e a comentaremos.

7 comentários:

  1. Estou indeciso entre a resposta 24 e 26. Preciso pensar melhor.

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  2. Acho que, de certa forma, todas as respostas estão corretas...

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  3. Penso, ao contrário, que todas são erradas, que são "testes" de algo que ainda não pude definir. Mas é crítica à religião, sem dúvida; e ao sistema capitalista, concomitantemente, acho.
    Jaime.

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  4. Eu acho que é coisa de maluco! Só isso. Evans.

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  5. A resposta 4 é interessante, se bem entendi a metáfora.Cético.

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  6. O texto, em sua construção metafórica, é quase uma parábola. Uma parábola pós-moderna algo sinistra,iconoclasta e desoladora. Que foi isso? Um sonho que tiveram? Ou um pesadelo? Watchtower.

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