sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

VEM SER FELIZ

Confesso que gosto dessa frase. Não por carregar uma beleza inerente ou por constituir uma expressão filosófica de uma humanidade angustiada. Definitivamente não. Gosto dela porque, sem querer, uma importante empresa brasileira conseguiu expressar muito bem nossa modernidade capitalista.
Vem ser feliz. Compre no Magazine Luiza e acabe com suas angustias, sejam elas materiais ou existenciais. Eis a síntese de nossos tempos. O conceito de felicidade umbilicalmente unido ao de consumo. Se estou deprimido, compro. Alegre, também compro. Entediado, compro mais ainda. Comprar, comprar, comprar...Eis a receita que os filósofos a serviço da Dona Luiza exprimiram tão bem.
Na crise econômica que afetou os Estados Unidos ano passado, o governo brasileiro cortou impostos e colocou dinheiro no mercado para incentivar o consumo. Resultado...A crise virou “marolinha”. Estimular o consumo, produzir, consumir... e ser feliz. É a dinâmica capitalista. Mercado saudável, povo feliz, cantaria Zé Ramalho. 
É inerente ao moderno modo de produção global o estímulo ao consumo. O crescimento da economia é sinal de sucesso e sintoma de que todos continuam comprando. O último celular, que está nas Pernambucanas, o último modelo de carro, o tênis do momento...
Porém, a cada percentual de crescimento, a cada barriga cheia em uma churrascaria, a cada iPod ou “iFode” comprado, NOSSO PLANETA DEFINHA. Florestas viram pastos, animais perdem seu lar, rios são transformados em esgoto e as chaminés esboçam a catástrofe iminente.
A lógica: PRODUZIR, CONSUMIR E SER FELIZ, logo deMONSTRA sua verdadeira face: PRODUZIR, CONSUMIR...DESTRUIR...AUTODESTRUIR.
Há solução para esse impasse sob o sistema capitalista? Acho que essa é uma questão crucial que a humanidade precisa se colocar. O espectro do Armageddon ronda o planeta azul.

SAIMOV

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