quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Poesia desolada.


Essa poesia vale nada! Não é funcional! Serve tanto ao Bem quanto ao Mal.

Sem integridade nem versatilidade. Sua pobreza temática é gritante, e tampouco a socorre sua rima consoante. É filha órfã do Caos[1] e da Relatividade[2].

Essa poesia é imprestável! Nada nela é reciclável. Não inspira sentimentos nobres nem repugnância. É insípida, não gera rendimentos. É politicamente reprovável.

Essa poesia é indigerível, nociva e desaconselhável. Seus versos são intragáveis, sua aura é irrespirável. Sua sintaxe, imperdoável.

Essa poesia carece de poética! Não tem substância ou quintessência, e nem qualidade estética. Não agrada a gregos nem troianos. É impura, rude e agreste. Paródia grotesca de  obra burlesca.

Essa poesia é indecente! Não tem mensagem nem sentido subjacente. Sem germe lírico ou elegíaco. Seu estilo é maníaco. Será enterrada como indigente.

Essa poesia é perda de tempo! Não serve de pão nem de brioche. É fruto bichado de ofensivo deboche. Não pronuncia manifestos nem protestos. Nada mais é que um Frankstein de restos.

Essa poesia é o que dela se disser! Feia, deselegante e prostituída, acolhe submissa os insultos de seus detratores.
Seu niilismo é condenável, sua franqueza é malsã. Nela não há inspiração ou motivação. Sua essência é sua própria negação, ou também não...

Essa poesia é apelativa, é aberração e desvio, desvario censurável de uma mente esfacelada. Texto cético e descrente, emanação típica do desolado tempo presente.

Essa poesia é mesquinha e egoísta. Ela é uma casa sem janelas. Dela não se olha para fora.
Sua inflexão é agressiva e odiosa. Nula é sua contribuição, zero é seu legado. Só se desdobra em autocomiseração.

Essa poesia é pro lixo e pro esquecimento, antes que cause mais nojo e constrangimento.
Nem se comenta os remates insossos. Seu conformismo é seu único trunfo. Como o de Hitler foi o auto-extermínio, antecipando-se a chegada dos russos.
                                                                                                            




[1] Teoria do Caos. Ver: Mlodinow, L. O Andar do Bêbado. Como o acaso determina nossas vidas. Jorge Zahar Editor: R.J, 2008.
[2]  Teoria da Relatividade Geral de Einstein.Ver: Bodanis, D. E=MC². Ediouro:R.J, 2001.

2 comentários:

  1. Muito bom...original, ácida, bem escrita...e até poéticamente linda.Gostei na primeira vez que a li, já há algum tempo, e mais ainda agora.
    Saimov

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  2. Thanks! For, or by, "nothing"!

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