domingo, 27 de março de 2011

HOMO ANONYMUNS


Despertou com os primeiros raios de sol que entraram pela caverna. Não especulou ou inquietou-se com aquela “bola” amarela que aparecia diariamente, apenas murmurou algo que para nós seria um “gosteeeiii”.
Certa inquietação nas entranhas colocou-lhe em movimento. Saiu da caverna e foi em busca de algo que apaziguasse o incomodo. Encontrou uma espécie de castanha, colocou na boca, apertou os dentes...”Não gosteeeii”.
Encontrou alguma carniça por perto mesmo e não se deu a maior trabalho. Apesar de ver alguns outros que quebravam as castanhas, “não tinha tempo para bobagens” e preferiu ficar com os restos.
Mais adiante umas ancas largas chamaram-lhe a atenção, chegou por trás e satisfez em alguns segundos sua outra necessidade. “Gosteeeiii”. Era o ápice do contentamento e assim voltou a caverna.
Agora a dor era cortante, rasgava-lhe o ventre. Algo precisava sair e não era ele. Agachou ali mesmo na caverna e cagou gostosamente. “Gosteeeiii”. Algum tempo depois percebeu as moscas rondando o fruto de sua obra e teve o que hoje chamaríamos de um insight. Seus olhos brilharam, a mente fervia...Afastou-se alguns metros para fugir do incômodo e dormiu. Não tinha “tempo para bobagens” como tirar a merda da caverna.
O Homo Anonymuns passou seus dias assim, comendo, cagando, dormindo e “gostaanndo” ou “não gostaanndo”. Não construiu ferramentas e tampouco tirou as próprias fezes da caverna. Não sabemos bem o que aconteceu com essa espécie, mas especula-se que tenha sido extinta pela fome ou por alguma epidemia causada pelo seu hábito de ter por alcova os próprios excrementos.

                                                                                      SAIMOV

Um comentário:

  1. Cara! Genial! Muito engraçado mesmo! Você encurralou o "anônimo" em sua própria antipatia e indolência "cavernosa" Parabéns!

    ResponderExcluir