sexta-feira, 11 de março de 2011

O Fantástico mundo de Fido

(comentário ao texto “A boa nova e a má noticia”)


Confesso que o texto de Dud’s Tozinsky me instigou a tentar alargar um pouco o cárcere da minha mente.
Dessa forma me coloco na sarnenta pele de Fido, um desses vira-latas pulguentos que andam por aí sem era nem bera. O mundo de Fido é azulado-esverdeado, pois seu aparelho ótico não está equipado para enxergar os mesmos comprimentos de luz que nós humanos. Assim, esse pobre infeliz não se sente triste com o cinza ou agitado com o vermelho. Provavelmente outras emoções tomam conta de seu raquítico peito na presença das diversas tonalidades do esverdeado-azulado.
O mundo chega a Fido com muito mais intensidade pelo seu imponente focinho. É praticamente impossível tentar entrar na realidade olfativa de nosso amigo vira-lata. Uma infinidade de odores transmitem milhares de informações não acessíveis a nós humanos. Uma mijada no poste indica amigos, inimigos, flertes...O caminho a seguir é dado menos pela visão que pelo rastro do cheiro da carniça ou do “dono”.
Ontem Fido matou uma ninhada de gatos, filhotinhos ainda. Meia hora depois dormia sossegado, sem o menor indício de remorso pelo “gatissínio”. Do alto de seus doze anos Fido ostenta tumores por todos os lados, porém, não dá a menor demonstração de tristeza, pois o câncer do mundo canino nada mais é do que tumores que levarão a morte, totalmente dissociados da imensa conotação negativa que nossa cultura atribuiu a essa doença.
Também nunca notei qualquer atitude de Fido no sentido de fazer alguma oferenda ao Racional Canino, nem mesmo um juntar de patinhas para pedir que as leis da Física mudem em seu favor. Mesmo supondo que exista um deus canino, quase com certeza é bastante diferente das divindades humanas. Provavelmente ele não disse “Haja luz!”, mas sim algo próximo de “au au au au au” (claro que com todas as limitações de minha tradução).
Mesmo combalido, ontem Fido deu uns pegas em uma cadelinha da rua. Ele não flertou antes e tampouco mandou flores depois. Apenas chegou por traz, cheirou a bundinha e mandou ver...Depois comeu e dormiu...Como dizia o poeta, “dormiu daquela vez como se fosse a última” e não se angustiou nem um pouco de saber que poderia ser mesmo a última.
Fido não reconhece a propriedade privada, não que ele seja comunista, longe disso, pois também não conhece o comunismo. Enfim, o mundo de Fido é o mesmo que o nosso e ao mesmo tempo outro infinitamente diferente. É tanto exterior como interior.
Uma coisa me parece certa, o fantástico mundo de Fido é tão real quanto o nosso.

                                                                                                
                                                                                                                            Saimov

8 comentários:

  1. Muito louco isso! Gostei! É por aí, é por aí. "Open your mind!"

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  2. Ei! Quem disse que esse texto é do tal Tozinsky? Cadê a assinatura?

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  3. Esse é meu. O texto citado e comentado por mim é com certeza do Tozinsky. Reconheço pelo estilo inconfundível.

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  4. Não gostou do meu texto? Em que aspecto não lhe agradou? Foi uma brincadeira com o Fido, cachorro do Eduardo, para tentar mostrar que só percebemos o "real" por nossos limitados sentidos e nesse processo, esses mesmos sentidos de certa forma "constróem" também esse "real".
    Agradeço por ter lido e ficaria mais satisfeito ainda se colocasse em que sentido o texto não ficou do seu agrado.
    abraço e obrigado pela crítica

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  5. Ei! Simão. Censura anencefala não pode ser tida como crítica. Use a "arte de se ignorar objeções obtusas". Aprendi-a com Joseph de Maistre. Não há o que replicar aqui. Sabe o que significa, a meu ver, o cretino “não gostei” do anônimo inerte e mal-humorado? Significa, e isso vem de Sigmund Freud, que o fulano em questão criou, com o seu material, uma barreira entre o inconsciente e o consciente, uma defesa para sua frágil organização psíquica, para não ser inundado, no nível consciente, pelo recalque invejoso que tenta esconder. Assim, ele cria um “dique” psíquico, impedindo que seus desejos grosseiros e idéias animalescas o envergonhem perante um dado grupo humano.

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  6. Prefiro dizer que não gosto do que escrever esse monte de besteiras que vocês escrevem "tentando parecer inteligentes"!!!!!

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  7. Pra dizer a verdade, não acredito na "cultuada" inteligência humana. Nem na "inteligência" como algo substancial, palpável... Parece-me mais uma invenção da mente dos fortes e dominantes para manter os dominados em seu lugar... Ou não! Mas se ela existe mesmo, seja lá o que ela for também não transparece nas mesquinhas e obscuras notinhas que Vossa Excelência postou rsrsrs... Com esses palpites medíocres queres parecer mais inteligente que os que não acreditam em inteligência?

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