quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SOBRE O DEVER DA IDENTIDADE

(O texto abaixo é o mesmo comentário que faço ao texto do Saymon, sobre o anonimato. Preferi ambém publicá-lo, devido à relevância do tema).


Não ficaram claros em seu texto logo abaixo, caro Saymon, os motivos pelos quais o anonimato deveria ser preservado. Eu já me posicionei acerca do assunto há tempos atrás, e mantenho minha visão de que o anonimato não deveria existir em nosso blog.
Depois de mim, os anônimos são os mais perseguidos aqui no banquinho. Mas dou razão a isso pelos seguintes motivos que passo a elencar.
A liberdade da qual dispõe o nosso blog não pode ser confundida com o direito ao anonimato. Em um meio de comunicação como o blog, onde impera a escrita como principal forma de nos comunicarmos, deve haver o respeito ao conhecimento da fonte que escreve. Do contrário, incorremos nos excessos já presenciados aqui das mais variadas maneiras, onde pessoas se utilizam da máscara do anonimato para abaixarem o nível das discussões e proferir ataques desagradáveis e muitas vezes mal-educados.
Na democracia em que vivemos, temos o direito de ser livres para expressar nossas opiniões, seja qual a forma que desejarmos utilizar. Mas isso não significa estarmos despojados do dever de responsabilidade que paira sobre todos os maiores de 18 anos de responder pelos atos que praticam.
O contexto em que nos deparamos aqui neste humilde blog não é diferente. Até mesmo porque se apenas nos posicionarmos a favor do direito ao anonimato, corremos o risco de sermos injustos e omissos com o direito do qual dispõe a pessoa que sofre a crítica de saber suas razões e sua origem.
Se alguém deseja se comunicar com outra pessoa através dos Correios, p. ex., necessariamente deverá apôr em sua carta a origem da correspondência, sob pena de não a ver devidamente encaminhada ao seu destino. E isso não representa qualquer censura, antes, denota segurança e respeito para com quem recebe a correspondência.
Aqui no blog lidamos com correspondências eletrônicas, seja na forma de uma publicação, endereçada ao público em geral (leitores), ou tão somente como um comentário (endereçado ao escritor de certa publicação). Sinceramente, não vejo razões práticas para tratarmos essas modalidades de correspondência de forma distinta das tradicionais cartas.
Recentemente, eu fui mais uma vez mal interpretado pelo nosso querido e anacrônico marxista de plantão, quando este jovem e mais promissor detentor da verdade universal me acusou de praticar censura em meu blog particular (www.ficcoesdoespirito.blogspot.com). Só o Ivan, criado, diga-se de passagem, por este mesmo marxistazinho, para ser mais tosco que isso.
Oras, se me dou ao direito de criar um blog, nada mais normal do que criá-lo da forma como desejar, afinal, sou o único responsável pelo seu conteúdo e manutenção. E mais normal ainda que eu deseje saber a natureza e a origem das opiniões que se formam ao redor das ideias ali por mim publicadas.
O grande problema que presencio por aqui é justamente o excesso de zelo de alguns por um, de certa forma, anômalo conceito de liberdade de expressão, o qual essas mesmas pessoas adoram defender com unhas e dentes, porém, sem as devidas críticas e, sobretudo, sem analisar corretamente os dois polos da questão. Olha-se com muita facilidade e com toda empolgação das doutrinas libertárias para esta suposta liberdade de expressão, mas nem de longe analisam a outra extremidade da discussão, o escritor que sofre passivamente as pedradas anônimas. O mais interessante é que os mesmos que defendem este anonimato quase sagrado, são os mesmos que choram quando são atacados e depois instigam os anônimos a dizer seus nomes. Não me parece uma medida das mais razoáveis e lógicas!



Rafael Guerreiro

7 comentários:

  1. Caro Rafinha Beata Branca Bolsonaros

    Em linhas gerais concordo e acho válido seus argumentos, porém, meu juízo sobre esta questão leva em conta o modelo de mídia que é nosso blog, o conteúdo que publicamos e o público com o qual dialogamos. É um raciocínio dialético, não estanque, o que talvez lhe cause estranheza.
    Mas vamos lá, vejo que nessa questão temos mais pontos de convergência que divergência, o que está se mostrando raro. Concordo que cada um deve se responsabilizar pelo que escreve, que a obrigatoriedade de identificação evitaria os excessos e baixarias,e que o "atacado" tem o direito de saber a origem das críticas para se defender. Concordo em gênero, número e grau com o que disse.
    O que me incomoda é que se limitarmos os comentários apenas aos que se identificam, estaremos excluíndo e não incluindo. Muitas pessoas são tímidas e se tiverem que se identificar, preferirão não comentar; muitos acham mais prático e rápido o comentário anônimo; outros se esquecem da identificação...Eu mesmo não consigo me identificar pelo google (o blog não aceita) e tenho que colocar anônimo, mas com meu nome logo abaixo.
    Dessa forma, apesar de entender a justeza de sua argumentação, colocando na "balança" acho melhor mantermos o direito ao anonimato, para não excluir os colegas que preferem comentar dessa forma. Acho que os efeitos desagradáveis do direito ao anonimato são bem menores que os prejuízos da restrição.
    Quanto a eu instigar meus interlocutores a se identificarem...Não posso fazer nada, sou assim, mais pelo convencimento que por imposições...É da natureza de minha formação, sou meio avesso a querer impor tudo pela força.
    Mas sinceramente acho legal ter colocado sua opinião tão bem fundamentada. Gostaria que os outros membros da "diretoria executiva" (Ebola Viruslento e Dúd's Coain) dessem suas opiniões para decidirmos está questão democrática e coletivamente.

    Saimov, o libertário.

    P.S. Ah, não sei se entendi direito o acontecido de ontem, mas pelo pouco que ví acho que tomou uma cagada de pombinho em sua excelentíssima cabeça, não foi? RSRSRRS. Se a informação for correta, não queira mal os bichinhos e nem procure proíbí-los de cagar, é da natureza deles esse tipo de arte na cabeça dos ilustres cidadãos.

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  2. E lá vamos nós de novo travar embates ferrenhos sobre exclusão e inclusão. Que conversinha mais PSTU essa sua, Saymon! A questão que travamos agora nunca versou sobre exclusão! Acho que é por essas e por outras que a sua visão do marxismo ou comunismo ou qualquer outro "ismo" defendido por você virou fonte de chacota aqui no blog.
    Não tem como esconder o seu fundamentalismo e o seu fanatismo com essas questões...TUDO VOCÊ LEVA PARA ESSE LADO E ESQUECE DE OLHAR A QUESTÃO DE FORMA MAIS PLURAL E REFLEXIVA, até mesmo porque para você, acredito, toda crítica possível já foi feita pelos iluminados soviéticos marxista...rs!
    Ai, ai...Bem, vamos lá, outra vez!
    Em nenhum momento o blog se tornaria fonte de exclusão ao tornarmos obrigatória a assinatura dos comentários. Que papinho mais fraquinho!
    Ok, vamos preservar a timidez do pobrezinho que tem vergonha de assinar o que escreve. Mas que argumento mais empobrecido, ridículo mesmo! Se a pessoa tem vergonha de assinar o que escreve, então não tem maturidade para escrever! E se tem vergonha, então o conteúdo de suas escritas deve ser de péssima qualidade, vergonhoso mesmo! Coitadinhos dos anônimos, eles têm vergonha, vamos defendê-los porque somos marxistas libertários...Oh, que dó...!!!!
    Por de trás dessa questão, resta apenas a ideia de que devemos sempre preservar uma postura ética dentro do blog. Quem deseja escrever, então que assine, oras bolas. Do contrário, vamos todos ignorar nossa responsabilidade ética diante do nosso próximo em favorecimento de peculiaridades psicológicas de alguns...Hummm...Sei, sei!
    Agora o blog será fonte de exclusão se abolirmos o anonimato...Essa foi a melhor da semana até agora! Disparadamente!!!!!

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  3. PS: de fato o lance aí do tal pombinho foi verdade...parece que estou com sorte ultimamente rs! Mas, não, não lhes desejo mal algum...apenas distância!

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  4. Caro Rafinha

    Acho que a merda dos pombos afetou suas idéias, cuidado. Primeiramente não sei onde você viu algum argumento marxista no que eu disse e nem o que o PSTU tem a ver com isso.
    Em segundo lugar acho que você é quem deveria entender as questões de forma mais reflexiva e pluralista. Muito me espanta uma pessoa com sua formação fazer a afirmação que fez outrora: Dar graças a Deus de nunca ter lido Lênin ou Trotsky. Nossa, como alguém pode se vangloriar de ignorar alguma coisa? Isso sim me parece patético e fundamentalista. Desconhecer escritos políticos que fundamentaram uma das maiores revoluções sociais dos últimos séculos não me parece motivo de orgulho.
    Outra coisa, acho que você deveria procurar conhecer um pouco mais o que é o marxismo para não falar tanta besteira, assim como vou procurar saber mais sobre religião para parar de falar merdas.
    Quanto a fraqueza ou não dos meus argumentos, acho que o cerne da questão não é esse. O problema é que partimos de vivências diferentes, pois como estou acostumado a trabalhar com pessoas bastante humildes e com formações extremamente diversificadas, entendo que podemos ser muito mais construtivos evitando restrições formais.
    Como você pode me acusar de não ser pluralista? Eu estou justamente quererndo preservar o direito de expressão de pessoas que você julga "imaturas" e "com escrita de péssima qualidade". No meu entender a melhor maneira de preservar a pluralidade é colocar o mínimo de entrave possível para os comentários. Se são imaturos, escrevem mal...Justamente o diálogo proporciona o aperfeiçoamento e não cabe a mim, e nem a você, ficar dizendo o que ébom ou não.
    Suas práticas estão totalmente em desacordo com seu discurso, que convenhamos, muitas vezes não concorda com ele mesmo.
    Coloquemos as coisas como são: quem está sendo autoritário é VOCÊ, quem não é pluralista é VOCÊ. O fundamentalista é VOCÊ.
    E o pior é que nem se da conta disso.

    Saimov

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  5. Saymon, vamos mudar o seu apelido a partir de agora! Vc deve ser chamado de "Saymon, o Libertador dos Tímidos"!!!!
    No que se refere a minha menção ao PSTU, só o fiz pq de fato eles tinham dentro da UNESP um discurso muito idêntico ao seu (pode ser que fora da UNESP seja diferente). O discurso deles dentro da UNESP era muito simples: "nós somos pessoas críticas, revolucionárias e portadoras da verdade suprema sobre o Ser Humano". Desculpe-me, mas a sua forma de demonstrar o seu sistema de pensamento é igual ao deles, bem panfletário e megalomaníaco!
    vc disse ainda que está acostumado a trabalhar ao lado de pessoas bastantes simples, mas até parece q o meu trabalho é diferente. Todos os dias eu sou obrigado a enxergar as piores realidades que assolam uma pessoa: dívida, prisões, injustiças, pobreza extrema, falta de consciência paterna ou materna, doenças incuráveis e invalidantes, violência doméstica, estupros, incesto, opressão policial, enfim, posso dizer que lido com a simplicidade nas suas acepções mais humilhantes e degradantes, onde a falta de consciência e de oportunidades faz aflorar no seio familiar as piores paixões que um ser humano pode ter.
    E mesmo assim não venho aqui no blog bater no peito e dizer que minhas experiências são "assim" ou "assado", que me possibilitam "isso" ou "aquilo".
    Então não me venha invocar as suas experiências para dizer que aprendeu a ser mais construtivo evitando restrições formais. Primeiro pq suas experiências não são melhores ou piores que as minhas, e segundo pq quem está pensando em restrição é VOCÊ!!! Ou melhor, quem confunde restrição com ética é VOCÊ!!!
    Essa invocação de suas "experiências" pessoais para justificar a sua conduta paira à ingenuidade!
    Já pensou se eu tivesse o mesmo discurso que vc? Eu chegaria aqui, me gabando por ser testemunha diária de uma realidade que poucos enxergam e poderia sustentar aqui que só a religião pode salvar o Homem, apenas Deus pode nos livrar das angústias da vida, somente essa ou aquela igreja, ou essa ou aquela fé, pode salvar o mundo. Bem, eu não faço isso, prefiro respeitar a todos e jamais invocar o discurso religioso com base em minhas experiências pessoais para justificar minhas posturas.
    Agora, posso perceber DE FORMA CLARA que vc não sabe nada sobre a minha concepção de marxismo ou da Igreja. Eu sempre fui e sou parte de um movimento da Igreja chamado Teologia da Libertação. Caso vc não saiba, a base filosófica dessa interpretação dos Evangelhos é marxista.
    Minha postura acadêmica sempre foi de esquerda e minha posição quanto ao Direito é a do Direito Alternativo, de base existencialista e socialista.
    Contudo, jamais saí pregando fanaticamente esse ou aquele viés interpretativo da sociedade. Mas vc o faz, e pior, o faz sem se dar conta disso. Vc parou no tempo Saymon, ainda acredita em Trotsky e Lennin. Qdo eu disse que graças à Deus eu não os tinha lido, eu fiz alusão ao fato de acreditar que expresso meus pensamentos de forma bem mais maleável que a sua, a qual ficou endurecida e estanque.
    A vida não é só marxismo ou só religião ou só política ou só economia. Há situações que demandam um entendimento além do nosso discurso.
    A sensação que eu tenho qdo argumento com vc é a de que vc é dono de um molde X e quer colocar o mundo e o universo dentro desse molde. Caso algo fuja do molde X, vc nem se quer procura saber se existe um molde Y ou quem sabe um Z. Vc prefere forçar a questão até ela ganhar contornos do X. Isso é sim fundamentalismo e, talvez, fanatismo (pra não dizer alienação, SIM ALIENAÇÃO!!!).
    Agora, com relação ao fato de vc ter dito que eu julgo as pessoas imaturas ou com escrita péssima...bem, isso me dá até dor no estômago. Ou vc tem problemas pra entender as coisas ou definitivamente não quer mesmo entender. Recuso-me a explicar isso a vc, pode continuar a pensar assim...afinal, nada tem força pra mudar o seu mundinho particular...

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  6. Bom Rafinha, acho que não há mais o que discutir, pois estamos chegando em um ponto em que um interlocutor parece fazer questão de não compreender o outro e confesso que tenho parte da responsabilidade por isso. Quanto as suas críticas em relação ao marxismo fossilizado, a querer se achar portador da verdade universal", enfim, em relação a todas essas críticas que fez...Só tenho a dizer que concordo com você em todos os aspectos, A única questão é que não é essa minha maneira de interpretar o mundo e tampouco de me relacionar com ele. Aqueles que me conhecem pessoalmente bem sabem disso...Mas, já cansei de explicar o que eu quis dizer e parece que não adianta.
    Quanto a questão do anonimato, acho também que não vale mais a pena ficar batendo boca, você pensa de um jeito, eu de outro...Coloca em votação aí, da maneira como desejar, e o que a maioria decidir ta bom pra mim.
    abraço
    Saimov

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  7. Senhores, posso ajudar com os problemas de interpretação: todas às segundas leciono interpretação de textos no IPRA.

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